Entrevista com Roberto Abdenur

Imperdível a entrevista com o diplomata Roberto Abdenur, ex-embaixador nos EUA e na China, na Veja desta semana. Abdenur denuncia a doutrinação ideológica que está sendo feita no Itamaraty, influenciando inclusive nos processos de promoção.

Abdenur critica também a política petista do eixo Sul-Sul e o grande equívoco de reconhecer a China como economia de mercado. Alguns trechos:

  • A idéia do Sul-Sul como eixo prepoderante revela um antiamericanismo atrasado (…) Está havendo uma doutrinação. Diplomatas de categoria, não apenas jovens, são forçados a fazer certas leituras quando entram ou saem de Brasília. Livros que têm viés dessa postura ideológica.
  • Eu vi funcionários de competência indiscutívl ser passados para trás orque não são alinhados. Há intolerância à pluralidade de opinião.
  • De 1964 até o início do governo Ernesto Geisel, na primeria década do regime militar, adotou-se uma política externa simplória, baseada na ideologia anticomunista. Mas nunca houve tentativa de convencer os diplomatas dessa ideologia (…) não se cobrava dos profissionais nenhuma afinidade com a ideologia que definia aquele rumo.
  • Não vale mais valorizar tanto a dimensão Sul-sul. Isso é um substrato ideológico vagamente anticapitalista, antiglobalização, antiamericano, totalmente superado.
  • Foi um erro ter incorporado de chofre a Venezuela ao Mercosul (…) Chávez tem idéias sobre a economia que não se coadunam com os pressupostos do Mercosul. Ele tem idéia de regresso ao escambo, de troca de mercadorias (…) O Brasil deve expressar claramente seu compromisso democrático amplo, profundo e irrestrito e denunciar situações como a que Chávez criou na Venezuela.
  • Ao reconhecermos a economia de mercado, nós abrimos mão de usar mecanismos de defesa contra os produtos chineses. Isso tornou inevitável uma entrada cada vez maior de produtos chineses no Brasil. O prejuízo é inevitável.

Um pensamento sobre “Entrevista com Roberto Abdenur

  1. Caro Jota, estava pesquisando informações sobre a entrevista com o diplomata Roberto Abdenur e acabei encontrando seu blog.

    Sobre o post é claramente perceptível que há algo de errado na forma como os assuntos exteriores estão sendo guiados pelo governo brasileiro. O Itamaraty é uma instituição que apesar de desconhecida por grande parte dos brasileiros ainda é respeitada pela certeza da competência, pluralidade e principalmente liberdade dos seus servidores. Historicamente o Itamaraty sempre fora lugar de diversidade intelectual, conseqüentemente ideológica. Essa tentativa de doutrinar (aqui no Nordeste: “acabrestar”) os diplomatas fere a história da instituição que sempre prezou pela diversidade ideológica.

    Para entrar em contato, mail me [cvieira.br @ gmail.com]

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