Artigo Científico: questões

Sobre a Introdução

Vou aproveitar o blog para organizar alguns pensamentos sobre um tema que assusta muita gente: como escrever um artigo científico. Eu ia colocar o título como dicas, mas seria pretenciosos demais. Não sou expert do assunto e definitivamente não me considero em condições de dar dicas ao pobre leitor destas linhas. No entanto, de vez em quando reflito sobre o tema e procuro ler sobre, o que é suficiente para levantar algumas questões relevantes e criar a tal síntese confusa, origem de todo conhecimento.

Uma primeira questão é sobre a introdução. Em que momento devo escrever a introdução? É a primeira coisa que escrevo ou deixo para o final? Há duas abordagens dominantes.

Uma turma defende arduamente que a introdução é a última coisa a ser escrita no artigo. Só depois de ter o artigo pronto e editado, com a visão definitiva de seu conteúdo, é que devo escrevê-la. Antes disso, é perda de tempo.

Uma outra turma defende que a introdução é a primeira e a última coisa que se deve escrever no artigo. Paradoxal? Explico. Antes de escrever um artigo você tem que ter pelo menos uma noção do que vai escrever, como vai escrever, seu propósito, sua pergunta de pesquisa, uma idéia geral. Ah, mas durante o trabalho tudo pode mudar. Pela minha experiência, garanto que vai mudar. Mas o importante, nesta visão, é que a introdução neste ponto é um rascunho imperfeito que sofrerá uma alteração final quando o artigo ficar pronto. Na verdade, pode ser revista constantemente durante todo o processo. Perda de tempo? Pode ser. Mas é uma maneira de manter uma visão principalmente do propósito sempre à sua frente. Na fase de edição, será a última parte a ser arrumada. Quando realmente estiver tudo pronto.

Um fato é que muita gente fica empacado na hora de escrever o artigo justamente na introdução. No primeiro método, você não precisa nem se preocupar com isso e parte logo para o corpo do artigo. No segundo, você escreve de qualquer jeito mesmo, entendendo que ela vai mudar muito durante o trabalho.

Pessoalmente acho que é uma questão de escolha, de temperamento. O que acho complicado mesmo é querer partir de uma introdução perfeita. Se optar pela segunda metodologia, o objetivo é escrevê-la toda e não escrevê-la corretamente. Deixe isso para depois.

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