Na questão 2 do Volume II da Suma Teológica, São Tomás discute o sumo bem, meditando sobre a felicidade do homem. O que nos faz realmente felizes? Qual é o bem final que todo homem almeja. Cabe uma observação: ele, como os antigos, não mistura alegria com felicidade. Felicidade é o bem último do homem, aquele definitivo, que o homem não deseja por outra coisa, mas pelo bem em si.
Pois nesta questão (na suma uma questão é mais ou menos um artigo ou ensaio no sentido moderno) ele explora possíveis candidatos para serem o sumo bem, ou seja, a felicidade do homem. O quinto que ele cita tem muito a ver com os dias de hoje, os bens do corpo, ou seja, a saúde.
Saúde é felicidade? O que importa é ter saúde e nada mais?
Parece que sim. A existência é o maior bem do homem e só a saúde garante que continuemos a existir. Continuar a existir é que todo homem mais deseja.
São Tomás discorda e nos lembra que não somos simples animais, somos algo além. Somos guiados por nossa razão e vontade, não somos máquinas. Acima de tudo, nosso corpo existe para a alma e não o contrário (como imaginava Hobbes, entre outros). Significa, e isto é muito importante, que a alma pode existir sem o corpo e não o contrário.
Somente uma mentalidade tomada pelo materialismo, que considera o homem como um animal como todos os outros, pode conceber que a saúde seja o fim último do homem, a razão de sua felicidade. E pelo que temos visto, esta concepção está entranhada nas pessoas a ponto de olharmos para tudo que está acontecendo e entrarmos em histeria pois temos nosso suposto maior bem ameaçado.