Brasil: até quando buscaremos bodes expiatórios?

Ser brasileiro é em grande parte lidar com as frustrações. Temos expectativas altas, fruto de um certo otimismo que vem desde nossa origem. Há um ufanismo latente em boa parte de nós, aproveitando cada pequena chance de aflorar. Daí a grande frustração que costumamos sentir quando estas expectativas não se realizam, muito por nossa própria ação ou falta de ação concreta.

O grande problema, a meu ver, é que não aprendemos com nossos erros. Temos imensa dificuldade em juntar causa e efeito, o que nos levaria a assumir certas responsabilidades, como pelo menos dar o exemplo. Queremos que seja sempre o outro a solução, o que explica um pouco da nossa busca de um salvador do tipo messiânico.

O que nos leva à tendência de eleger bodes expiatórios para nossas desgraças. Desde o futebol até a política, alguém tem que ser escolhido como único culpado para que possamos dormir tranquilos com nossas consciências. De tempos em tempos a sociedade se une para linchar um bode expiatório como grande culpado de nosso fracasso.

Não seria diferente agora, nesta pandemia. Praticamente toda discussão política é sobre a escolha de um bode expiatório, alguém que possa levar toda culpa por algo que não foi criado em nosso país e que tenho sérias dúvidas se realmente se possa fazer alguma coisa para conter o contágio. Mas precisamos acreditar que sim, não é? Precisamos ter o conforto de saber que nossas autoridades estão cuidando de nós e vão nos proteger. Diante dos números macabros, aqui e no mundo ocidental, sim, parece que o vírus tem uma predileção pelo ocidente, e não vejo ninguém comentando isso, precisamos ter um culpado para ser destruído.

O vírus tem sua lógica própria e não sei se podemos controlá-lo, mas a forma como reagimos a ele é inteiramente nossa. E vejo um imenso fracasso de todos nós. Continuamos a não aprender com nossos erros e continuaremos a falhar enquanto sociedade.

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