A estratégia militar nos ensina que quando um inimigo é indiscutivelmente superior, o confronto direto é uma marcha para o suicídio. Só dará ao adversário a chance do esmagamento, da solução rápida do conflito. Só se utiliza esta estratégia quando se tem superioridade de forças, pois mesmo no equilíbrio, já nos ensinou a Grande Guerra, ela é ineficaz.
Também nos ensina a política que o temperamento, vejam bem o termo, temperamento!, pois o temperamento conservador tem como virtude fundamental a prudência. Não significa medo, covardia. A prudência aqui tem o sentido clássico de sabedoria prática, de escolha adequada dos meios para realizar os objetivos propostos pela inteligência. Por isso também se liga à noção de sabedoria. Seria esta, na visão dos antigos, a virtude fundamental da política.
Espanta-me, portanto, que uma parte da chamada nova direita se caracterize pela falta de prudência e temeridade. Utilizando os meios típicos de quem dizem combater, partem de peito aberto para o matadouro, como se imitassem um martírio, esquecendo que o verdadeiro mártir não procura o sofrimento, apenas enfrenta-o com coragem se não tiver oportunidade de sair de sua situação (recomendo vivamente o filme O Homem que Não Vendeu sua Alma).
Toda vez que vejo alguém batendo o peito para dizer que é o conservador de verdade, algo me inquieta. Ainda mais quando o sujeito deseja ardentemente o confronto. Por que isso?
Vivemos um tempo em que os revolucionários, se é que ainda cabe esta palavra, os progressistas, dominam amplamente a vida cultural e política em praticamente todo mundo ocidental. Seria hora, ensina a estratégia, de fazer a chamada aproximação indireta. Movimentos inteligentes, calculados, para atingir os pilares de sustentação da ideologia dominante. Coisa que tem gente fazendo muito bem e que, graças a Deus, não é notado pelos fanáticos. É um processo longo, mas não tem como ser de outro jeito. Não adianta achar que é um revolucionário com sinal trocado e que amanhã o mundo vai acordar diferente. Isso chama-se fé metastática e trata-se, no fundo, de uma feitiçaria (ver Eric Voegelin, que tratou do assunto à exaustão).
Não significa que não possam ter movimentos bem calculados de confronto, mas tem que ser na hora certa e bem cirúrgico. Não pode ser no tipo metralhadora giratória, atacando a tudo e todos. A histeria, definitivamente, não pode ser um recurso de um temperamento conservador e sim a prudência, não por acaso chamada de a rainha das virtudes.