No capítulo V da segunda parte do livro, Chesterton nos fala do caráter único do cristianismo, de porque ele é ou a única religião ou algo diferente das chamadas religiões. Sim, os puristas da idéia de que todas as religiões são igualmente válidas ou que as culturas são igualmente meritórias sentirão uma revolta interior fervilhante, mas é a reação que só as grandes verdades provocam.
O mundo antigo greco-romano distingue claramente mitologia e filosofia. São duas camadas diferentes, que pouco se misturam. Até porque os diversos credos não tem caráter militante, não buscam se colocar ao outro como verdade, ou mesmo como a única verdade. Esta idéia de liberdade, argumenta Chesterton, longe de tornar o homem radicalmente livre, o aprisiona como um escravo.
A Ásia é o mundo velho do paganismo. É como a Europa, que é tão velha quanto ela, seria se não fosse a transformação do cristianismo. A Europa renasceu e daí veio seu frescor, sua dinâmica. A Ásia é o único inimigo real do cristianismo pois é o mundo pré-cristão, um mundo que termina de alguma forma no pessimismo.
O cristianismo é a resposta dos anseios da mitologia e da filosofia antiga. Ele responde ao desejo de romance da mitologia porque conta uma história. Ele responde ao anseio da verdade da filosofia porque é uma história verdadeira. Sua verdadeira crítica não é que não seja uma verdade, mas que seja uma verdade boa demais para ser verdade. E de fato é. O homem se torna radicalmente livre porque é livre para cair, para negar seu criador. É uma história que o homem não poderia imaginar porque o maior dos generais vai para guerra lutar como o menor dos soldados.