Já é terceiro natal que releio este livro, uma das leituras que pretendo repetir até o fim de minha vida. Acho o título intrigante, pois o único episódio da infância de Jesus retratado é o epílogo, o de Jesus aos 12 anos no templo. Todo o restante do livro trata do nascimento de Jesus. Por que então Ratzinger, que tem enorme atenção ao significado das palavras, não deu o nome de O Nascimento de Jesus ou algo parecido? Eis uma pergunta que gostaria de lhe fazer.
A Infância de Jesus é especial pois nos ensina o que significou o nascimento do Cristo. Bento XVI nos ilumina sobre o ambiente em que este fato histórico ocorreu, seu significado, suas consequências. Junto com o Homem Eterno, do Chesterton, são as duas obras que nos iluminam sobre o papel de início de uma revolução que a encarnação significou para o mundo. Um reino havia sido destronado e ele só pode ser recuperado por uma revolta. Neste caso, uma revolta do espírito.
O pequeno livro de Ratzinger vai nos mostrar o que significa a linhagem de Jesus, as passagens mais enigmáticas do anúncio à Maria, o porquê da manjedoura, o significado da visita dos reis magos, o papel de José como um homem justo, o sim de Nossa Senhora. Sem evitar as questões históricas, o papa emérito nos mostra que há uma conciliação possível entre as sagradas escrituras e os registros encontrados até hoje. Não se pode separar as duas visões, defende ele.
São pouco mais de 100 páginas de puro deleite. Uma leitura, como disse, para a vida inteira.