Eleições 2020: meus pitacos

  1. Em todo ocidente há dois temperamentos que dividem as pessoas: o reformista e o conservador. Nenhum deles em si estão errados, mas o exagero leva a dois tipos extremos: o revolucionário e o reacionário. A grande maioria de nós está em algum ponto entre estes dois. Costumamos usar os termos esquerda e direita, mas acho esta classificação bem problemático. O fato é que, grosso modo, uma sociedade tem uns 30% de um lado, 30% do outro e uns 40% no centro. Estes 40% que na maioria das vezes decide as eleições. Isso é o geral, no particular a coisa é diferente. Se observarmos bem, as grandes cidades, tem muito mais esquerdistas e nas médias e pequenas os conservadores são maioria. Basta ver o mapa dos votos nos EUA e na Europa. O Brasil não é muito diferente. O grande problema que temos, a meu ver, é não termos opções conservadoras ou de direita. O resultado é que existe um gigantesco contingente que não encontra forma de expressão e acaba votando no “menos esquerda”. Eu sou um exemplo: já tive que votar nos porcarias do Aécio, Alckmin e Serra (nunca vou perdoar o PT por isso).
  2. Em 2018, o Bolsonaro, fez campanha afirmando ser de direita, algo INÉDITO no país em eleições presidenciais pós CF-88. Basta lembrar o Aécio dizendo que “para direita não adianta me empurrar que não vou” e o Lula dizendo que a eleição de 2010 era uma evolução porque todos os candidatos eram de esquerda.
  3. A situação era tão complicada em 2018 que qualquer um que dissesse ser de direita ganhou eleições (vide Witzel).
  4. O problema é que a cultura política que se construiu no pós “democratização”, com apoio da mídia, é que direita era o mesma coisa que demônio e TODO partido brasileiro passou a se declarar de esquerda. Vejam o próprio PFL, mudou para “dem” para se identificar com os partido democrata americano. Todos tem social no nome, nenhum usa o termo conservador.
  5. O resultado foi termos eleição disputada entre Aécio x Dilma X Ciro ou Serra x Lula, etc. Ou seja, uma esquerda light (PSDB) e uma radical (PT), mas que na propaganda da mídia era direita (PSDB) x centro esquerda (PT).
  6. Só num país como o Brasil pode-se chamar PSDB de direita e PMDB de centro.
  7. Quem mais trabalhou para impedir a candidatura do Bolsonaro em 2018, e quase conseguiu, foi o PSDB. Eles sabiam que se Bolsonaro fosse candidato, eles perderiam o voto da direita (um voto que ele sempre tiveram nojinho, diga-se). Foi o que aconteceu. PSDB teve 5% de votos.
  8. O sistema trabalhou para evitar candidatos de direita e o fato do governo não ter partido ajudou muito isso. Não temos partido de direita e um candidato declaradamente de direita é algo raro (quase todos tem medo da mídia).
  9. Ou seja, nosso sistema é totalmente torto. Os votos existem, mas faltam os candidatos para recebê-los.
  10. Volto ao mesmo ponto: que opção tinha SP ou RJ? Só ver a lista de candidatos. Só piora a cada ano.
  11. Por fim, quem perdeu mesmo com o bolsonarismo foi o PSDB. Deixou de ser a opção à direita. Cada vez mais ele se torna um partido restrito à São Paulo e se segurando na força do governo do estado, que está na mão de um político que não é exatamente um tucano autêntico.
  12. Só teremos o quadro completo no fim do segundo turno. É prudente esperar um pouco antes de tirar conclusões definitivas.

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