Mitos são mentiras?

Quando comecei e me interessar por filosofia, uma das primeiras coisas que li foi que a filosofia era a superação do mito. Até o surgimento de Sócrates, o mundo estava tomado por mitos sobre os deuses do Olimpo e suas aventuras, uma evidente mentira típica de um povo crédulo. Um dia vou escrever um livro sobre todas as mentiras que escrevem sobre a filosofia, particularmente para iniciantes.

Essa concepção é fruto de uma visão progressista da história. Tudo que é mais antigo, é inferior. Esquecem que a condição humana é permanente e os antigos viram primeiro a nossa realidade, expressando-a da forma como puderam, ou seja, criando lendas que formaram os mitos.

Só que mito não é um simples produto da imaginação de um poeta imemorial, como Homero. Eles expressam verdades profundas, em uma estrutura compacta, mas nem por isso menos real. É preciso “descascá-los”, ou na linguagem de Eric Voegelin, diferenciá-los. Ao longo da história, os mitos vão se tornando mais claros e não, como se imagina, substituídos por teorias criadas por mentes privilegiadas de intelectuais. Até porque, deveria ser fundamental entender a experiência que gerou o mito, um dos aspectos que os filósofos modernos menos se ocupam.

A título de provocação deixo uma singela constatação: Édipo não tinha complexo de Édipo. (E muito menos Electra tinha complexo de Electra)!

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