Nos fins de semana costumo interromper um pouco as leituras regulares e focar mais em ensaios, geralmente de autores diferentes das diversas coletâneas que tenho na estante. Gosto particularmente deste gênero porque o autor está mais solto para refletir e especular, nos colocando muitas vezes opiniões provisórias e abertas, de uma forma mais fluída do que um livro tese.
Neste fim de semana que passou fui particularmente feliz com 3 ensaios sensacionais, que de certa forma comunicam um com os outros. São eles.
Dos Estudos Clássicos (Eric Voegelin): uma reflexão sobre a importância da recuperação da compreensão que os antigos gregos tinham da nossa humanidade. O retrato que Voegelin faz da modernidade é cirúrgico e via nos pontos chaves. Infelizmente o quadro que ele visualizou em 1973 só se agravou e fica fácil entender o momento de loucura coletiva que nos encontramos hoje.
In Pursuit of an ideal (Isaiah Berlin): o autor mostra a insuficiência da idéia utópica de promover uma sociedade perfeita a partir da convicção de que se tem o entendimento para seu problema e a solução que se deve implementar. A consequência que chega também é atual: para promover a sociedade perfeita, o que nos impede de remover os obstáculos, aquelas pessoas que se colocam no caminho de uma humanidade mais justa e em paz? Berlin acrescenta: cada vez mais se quebram os ovos e o omete não vem.
On T. S. Eliot Wasted Land (Russel Kirk): analisando o poema enigmático de Elit, Kirk procura lhe dar um sentido geral, entendendo que há linhas obscuras que nos deixam perplexos, mas que há uma clareza no poema como um tudo. Os grandes críticos literários são justamente aqueles que nos conseguem fazer ver a unidade de uma obra enquanto a maioria só consegue produzir textos gigantes que não conseguem chegar nem perto da essência do que o autor quis comunicar, o que só revela a falta de sensibilidade e poder de reflexão. Para Kirk, Wasted Land não é uma simples descrição do estado de espírito do poeta, mas uma reflexão sobre o problema da modernidade e suas raízes, colando uma luz nas causas de uma decadência civilizacional.