Reflexões de uma pandemia – 10

Pesquisa eleitoral de virus?

A grande maioria dos países do mundo, inclusive o Brasil, estão testando apenas os casos mais graves, até porque não há testes para a população inteira e é preciso priorizar. O problema é que isso induz a pensar que a morbidade é muito maior do que realmente é, pois comparamos as mortes com os “casos confirmados”, que são justamente os das pessoas que apresentam sintomas mais agudos, desprezando-se os assintomático. Se fosse comparado com todos que contraíram o virus, a conta seria bem diferente.

Saber quanto porcento da população já foi infectada é fundamental para verificar a velocidade de propagação e, principalmente, se já se atingiu o tal 50% que indica o ponto de inflexão da curva de contaminação. Não é razoável se testar 100 milhões de brasileiros toda semana para ter estas respostas, mas é possível, com alguma dificuldade por causa da quarentena, se fazer por amostragem, usando modelos das pesquisas eleitorais. Lembro que com pouco mais de 5000 pessoas já é possível se fazer uma pesquisa eleitoral, desde que estas pessoas sejam estatisticamente representativas. Usando os mesmos critérios destas pesquisas, se poderia realizar o teste para uma amostra dessas e se responder, semanalmente, a quantidade de pessoas realmente infectadas. Com esses dados, as autoridades poderiam fazer escolhas bem melhores do que estão fazendo hoje, baseadas em curvas exponenciais construídas sobre amostras não representativas da sociedade justamente por pegar os casos mais graves.

Acho que se eu fosse uma autoridade constituída, investiria nisso rapidamente, para que possa decidir com mais acerto e razoabilidade. Enquanto isso não for feito, nossas autoridades serão conduzidas pela histeria coletiva amplificada pelas redes sociais, o que será péssimo no médio e longo prazos.

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