Futebol brasileiro e a teoria de agência

A teoria de agência diz que há uma diferença de interesse entre o proprietário e quem executa um serviço para ele. A governança corporativa nasce desta constatação e procura resolver esse dilema com ferramentas como planejamento estratégico, auditoria, conselho administrativo independente, etc.

Os clubes brasileiros não possuem donos, são entidades sociais. Quer dizer que de certa forma, pertence à sociedade, particularmente aos torcedores desses clubes. Os dirigentes são eleitos para, em nome do interesse social dos clubes, exercer a chefia executiva.

Uma diretoria eleita por um período de 2 ou 3 anos está preocupada em fazer o melhor possível e alcançar resultados durante sua gestão. Parece coerente, mas o problema mora justamente aí.

Nem sempre os melhores resultados durante uma gestão são o melhor para o clube no longo prazo. Por isso é tão comum o endividamento. Eu faço dívida agora, ganho títulos e depois os próximos que se lasquem para pagar as contas. O último grande exemplo é o Cruzeiro. Montou um time acima de suas possibilidades e empurrou a conta para o futuro, que finalmente chegou. E tudo por que? Por duas copas do Brasil.

O Flamengo parece ter entendido essas premissas e estão implantando as ferramentas de governança para impedir que se faça a mesma coisa, principalmente quando a atual diretoria se despedir. Dará certo? Depende da constância dessas ações, da força de resistir às tentações da gastança. Hoje, está dando um exemplo que os outros clubes poderão seguir. Infelizmente vejo que a maioria está em estado de negação, recorrendo a chavões e teorias conspiratórias para justificar um sucesso que tem por base a boa gestão.

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