O crítico literário Harold Bloom defende que existem basicamente dois tipos de contos, representados por dois autores: Tchekhov e Borges.
Tchekhov é o arquétipo dos contos que tem por base a realidade que apreendemos pelos sentidos. Eles tratam essencialmente deste mundo, do chamado mundo material.
Borges trata do mundo fantástico, de um mundo que está além da realidade material, mas que termina por invadi-la. Nas palavras de Bloom, a realidade cede a este mundo fantástico.
Eu acrescentaria que ambos os mundos tratados são igualmente realidades. A primeira é o que chamamos de realidade imanente, tão bem retratada pelo russo. A segunda, abordada por Borges, muitas vezes por símbolos fantásticos, é a realidade transcendente. Como se Borges desse um passo a mais que Tchekhov, penetrando em uma esfera de realidade diferente, como faz Shakespeare em suas peças.
Para cada pessoa vai agradar mais o estilo de um ou do outro, mas compartilho com a conclusão do Bloom: para que escolher? Por que não apreciar os dois tipos básicos de contos?
Entre Tchekhov e Borges, fico com os dois.
E você, leitor, qual tipo prefere?
Tchekhov

Borges