Terminei de ler Cem Anos de Solidão. Minhas notas:
- Sobre realismo fantástico, sou bem mais Borges. Nos contos do argentino, elas tem uma função na estória. Em Cem Anos, parece mais um exercício de futilidade.
- A concepção da obra é excelente. Pena que não foi Érico Veríssimo a realizá-la.
- Houveram capítulos que me interessaram, mas na maior parte não me conquistou. Uma pena.
- O Coronel Aureliano é o melhor personagem. Também é interessante a matriarca da família, Úrsula.
- Agora que penso, será que Gabriel leu O Tempo e o Vento? Tem muitas semelhanças.
- O que mais chamou-me atenção no livro foi a completa ausência de Deus na estória. Nenhum personagem tem relação com o transcendente, de nenhuma forma. Não sei se o autor pensou nisso, mas faz todo o sentido. Sem Deus, o homem se entrega a toda sorte de falsos ídolos. No livro estes ídolos aparecem na luxúria, desejo de poder, política, fascinação com o dinheiro, com o misticismo, ciências, médicos imaginários. Ou seja, sem Deus o homem não consegue se conectar ao outro e nem ser feliz.
- O mundo sem Deus é o mundo do eterno retorno e do homem como prisioneiro do destino. É o que acontece em Cem Anos. Os arcos se repetem, o que é acentuado pela repetição dos nomes.
- Se o livro é também uma alegoria sobre a América Latina, como dizem, então faltou um elemento primordial para entender a história da região: o catolicismo de seu povo. Nenhum dos personagens do romance tem fé.
- Não vou dizer que o livro é ruim, mas confesso que me decepcionei um pouco. Não o leria novamente.