Ainda estou terminando o capítulo único que Gustavo Corção inseriu entre a parte que trata da Idade Antiga e da Idade Média em Dois Amores, Duas Cidades. O que ele coloca nestas páginas é absurdo em profundidade e clareza.
Ele trata essencialmente da relação do homem com o meio, assumindo a posição de que o homem cria o meio e é influenciado por ele, negando o determinismo social. Trata também da psicologia de Freud, e em como ela deixou de ver a envoltória espiritual da vida humana, negando que além do apetite pelos prazeres, o homem tem um forte impulso de ver realizar as suas idéias, uma dimensão da mentalidade humana.
Trata também dos mecanismos que usamos para obter certezas, seja pela observação direta (visão) ou pelos testemunhos (audição). E trata também das certezas errôneas. Basicamente temos nosso interior como fonte de confrontação com as idéias. Se este interior está desarrumado, só aceitaremos idéias que estejam em acordo com este interior. Aceitar algo diferente seria ser forçado a mudar interiormente, a metanóia dos gregos ou mudança por amor dos cristãos. Muitas pessoas estão tão desarrumadas interiormente que não querem confrontar seu interior. O que fazem? Buscam grupos externos de referência, em um processo aglutinador através de slogans ou palavras de ordem. E eu pergunto, não é o que vemos hoje?
Ainda estou na primeira leitura, mas terei que estudar profundamente este capítulo. Corção era um gênio e este livro TEM que ser re-editado. Urgente!