Com certeza existem diversos fatores que influenciam na decisão de cometer suicídio, mas ultimamente tenho pensado muito em dois deles, a depressão e a frustração.
O primeiro atinge muito os mais velhos, embora também aconteça aos mais jovens. Vejo muito nos aposentados, que acostumaram-se a ter suas vidas determinadas pelo trabalho. Quando, enfim, alcançam a sonhada aposentadoria, enfrentam um certo vazio. E agora? O que fazer? Durante um tempo, tudo é festa. Viagens, acordar tarde, ficar à toa, mas pode o homem viver só disso? Alguns conseguem, é certo, mas não todos. Isso já me indica que o homem tem que ter um sentido para a vida que vá além do trabalho.
A família também é um esteio importante, mas no momento que temos mais tempo para ela parece que ela tem menos tempo para nós. Os filhos já saíram de casa, possuem suas famílias e, muitas vezes, moram distantes, até em outra cidade. Com a globalização, até outro país.
Eu não vou fingir que sei como é a depressão pois nunca sofri dela. E nem quero, tendo em vista os efeitos devastadores que tenho visto. Só sei que ela conduz, muitas vezes, ao desespero e este ao ato final.
Outro vilão que tenho visto é a frustração. Esta atinge preferencialmente aos mais novos, particularmente da nova geração. Os jovens de classe média para cima, possuem uma riqueza que era inconcebível há um século atrás e nem percebem. Muitos sentem-se pobres por se comparar aos mais ricos, uma bobagem. Melhor faria se se comparassem ao passado, à época que o mais poderosos dos reis tinha que arrancar dente sem anestesia e não tinha luz para ler à noite.
O problema é que estes jovens são frutos de uma cultura que não admite que sejam frustrados. São protegidos contra tudo, até mesmo do trabalho. Um dia esta proteção desaparece e tem que se ver por si próprios. Soma-se isso ao natural exagero da adolescência e o quadro está formado. O jovem é capaz de se suicidar porque a namorada o trocou por outro.
Esta semana uma família conhecida está vivendo o drama de um suicídio. É muito triste de acompanhar, mesmo à distância. O suicídio sempre deixa uma marca nos que ficam. É um dos atos irreversíveis que tomamos na nossa vida. Não tem retorno.
Que Deus tenha misericórdia de todos os suicidas.