Afinal, Hitler era de direita ou de esquerda?

Uma grande bobagem. Na verdade, a maioria das pessoas está discutindo lugares comuns, tomando as coisas pelo sentimento que despertam e não por sua substância. Há mais coisas entre o céu e a terra do que direita e esquerda!

Hitler se tornou uma espécie de símbolo do mal absoluto e por isso ninguém quer ser associado a ele e o nazismo. Além disso, querem associar seus adversários ideológicos a este mal para afetar superioridade moral. Essa divisão  da humanidade entre duas categorias absolutas é uma das simplificações mais grosseiras que já fizeram. Deveríamos usar menos tempo em nos definirmos por rótulos do que em pensar realmente sobre as coisas que acreditamos.

Podemos sim dizer que há duas atitudes humanas básicas: conservar e mudar. Em si elas não são boas ou más, dependem do que estamos tratando. Temos que conservar o que é bom e mudar o que não é. Parece simples, mas a dificuldade está justamente em saber o que funciona e o que não funciona. Uma pessoa sadia terá, ao mesmo tempo, os dois impulsos. Será conservadora em alguns aspectos e renovadora em outros. Vai acertar ou errar constantemente, mas tentando fazer o certo.

O problema é que existem muitas pessoas que não conseguem conviver com a tensão entre os dois impulsos e terminam querendo conservar tudo ou mudar tudo, independente do mérito. A ideologia é um pouco disso.

Hitler não queria conservar as tradições e a cultura alemã. Queria mudá-la radicalmente, queria fazer o homem novo alemão. Assim como queria Stalin e Lenin na Rússia. Eram, acima de tudo, revolucionários. Uma coisa eu existe em comum entre eles era o desejo de estabelecer uma nova sociedade a partir de um poder central representado por eles mesmos. Eram totalitários não porque queriam impor a vontade deles à força, mas porque queriam que as pessoas pensassem como eles. Há uma diferença entre totalitarismo e autoritarismo. A fato deles terem tido as duas coisas ao mesmo tempo acaba por confundir. É perfeitamente possível ser totalitário sem ser autoritário e vice-versa, mas essa é outra discussão.

Hitler era de esquerda? Bem, uma coisa ele realmente era, um socialista. Também era nacionalista, aliás, como Stalin. Trotsky, por outro lado, era socialista e não era nacionalista. Mas nada disso importa se o que está em jogo é rotular uns aos outros. Não querem saber, de fato, o que era Hitler e sim usá-lo como ofensa para pessoas ou grupos discordantes. Isso é uma atitude totalitária. A coisa mais prudente a fazer nessa discussão ridícula é se manter afastado pois, no fundo, trata-se de uma disputa de força ideológica. Uma grande bobagem.

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