Lugo e sua fé

Não se pode servir a dois senhores, disse Cristo.

Lugo achou que poderia. Isso na melhor hipótese. Acho que poderia ser um cristão, um líder da Igreja, e socialista ao mesmo tempo. Impossível. No início do século passado, Pio X alertou para o óbvio, as ideologias modernas eram incompatíveis com a mensagem cristã. Querer falar algo como marxismo cristão, ou chamar Cristo do primeiro socialista, como fez um professor meu, é trapaça intelectual ou estupidez. Ou ambas.

O cristianismo tem como um de seus princípios o livre arbítreo e o mérito pessoal. A cada um segundo suas obras. Sim, prega o desapego aos bens materiais, mas não o confisco deste bens. Tentaram jogar isso no colo de Jesus com a questão dos impostos. Ele respondeu simplesmente: a César o que é de César. A justiça no conceito clássico, de Platão e Aristóteles, e Cristão, é baseado em tratar de forma desigual os desiguais. Distribuir a cada um o que lhe compete. O socialismo inverte esta equação de forma radical. Desaparece qualquer merecimento e cada um deve ter a mesma quantidade, independente de sua parte.

Por isso não pode existir um bispo socialista. Ele está em flagrante conflito com a própria fé que diz abraçar. Isso na melhor das hipóteses.

Na pior é apenas mais um socialista que se infiltrou na Igreja para ajudar a destrui-la por dentro. Deixa de existir a estupidez simples, que consiste no engano, no não reconhecimento da realidade, mas que preserva a boa fé. Surge outro tipo de estupidez, a estupidez intelectual, que consiste em uma grande trapaça e baseia-se na vaidade. Musil descreveu a estupidez em um ensaio, Voegelin resumiu-a em suas palestras sobre Hitler e os alemães.

Qual desses papéis cabe a Lugo? A estupidez simples ou intelectual?

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