O preço do cinema no Brasil

A Veja online apresentou hoje uma matéria sobre o afastamento da classe C do cinemas no Brasil. O presidente da ANCINE, Manoel Rangel, apresentou duas medidas que diminuiriam o valor dos ingressos:

Primeiro, a moralização do uso da meia-entrada, com a redução do volume de carteiras de estudantes falsificadas. Segundo, a expansão do número de salas. Além de pequeno, o parque exibidor brasileiro tem baixa capilaridade. São cerca 2.200 salas em todo o país, concentradas em três pólos, todos próximos: a cidade de São Paulo (com 10% dos cinemas), a cidade do Rio e o interior paulista. E, mesmo nesses mercados, há concentração de salas em shoppings centers.

Começamos pela segunda. Com o preço alto do ingresso, não aumenta-se a oferta porque não há demanda. Onde houver demanda, haverá cinema. Se o preço reduzir e aumentar a demanda, novos cinemas vão abrir.

O que importa mesmo é a primeira, que Rangel tocou superficialmente. Não é necessário moralizar a emissão de carteiras, é necessário acabar com a lei do ingresso dobrado (também conhecida como lei da meia entrada). O efeito prático da lei é que o cinema tem que cobrar o dobro do preço pelo ingresso para quem não é estudante ou que não comprou sua carteirinha da UNE (são coisas distintas). Não importa se quase ninguém pague este valor, o importante é que as receitas sejam compensadoras e crie-se a ilusão que os estudantes pagam meia. Não pagam. Pagam quase inteira, os outros é que pagam dobrado.

Não há a menor lógica que um assalariado tenha que pagar R$ 20 para ir ao cinema enquanto que um estudante rico pague R$ 10 para ver um enlatado americano ou uma das porcarias produzidas no Brasil. E chamam isso de cultura!

A lei da meia entrada tem que acabar para que o cinema deixe de ser um privilégio. O resto é firula.

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