Há uns dois meses atrás, quando anunciaram que o Brasil cresceria este ano 4% do PIB, um colega virou para mim e disse:
__ Está vendo? Você é muito negativo, esta crise não chega no Brasil.
O colega é um dos lulistas que não se assumem. É curioso, o homem tem 84% de popularidade, mas encontro vários companheiros que sentem vergonha em dizer que gostam dele. É fácil reconhecê-los. Quando você aponta um ato de corrupção do governo Lula, ele não o defende, mas diz algo como: “mas no governo do FHC…”. Experimente falar do mensalão? Na mesma hora ele vai dizer da “compra da re-eleição”.
Outros reconhecem ter votado no Lula, mas imediatamente dizem algo como “não tinha opção melhor”, “o Serra não dava”, “o Alckmin não dava”, “o PSDB é o partido mais corrupto do Brasil”. Por que esta vergonha? Por que estes meus colegas têm vergonha de dizer que gostam do presidente e de seu governo?
Quando saiu esta previsão do crescimento do PIB, reparei de imediato que contrariava todas as previsões do mercado, e mais do que isso, contrariava o bom senso. Com redução da atividade industrial e demissões nas grandes empresas como poderia aumentar o PIB nesta cifra? Crescimento que só foi conseguido, diga-se de passagem, depois que o governo criou uma maquiagem para o PIB no melhor estilo da União Soviética, a saudosa.
Agora, diante dos números desastrosos da economia, Mantega diz com a maior cara lavada que vamos crescer perto de zero. Por causa da indústria. Quando crescíamos o que o governo dizia crescermos, os méritos eram todos do governo petista. Agora não, a culpa é da indústria, dos empresas inescrupulosos. Esta baboseira toda que os juízes do trabalham acreditam felizes.
Cria-se a impressão que o governo é uma vítima da crise mundial. De certa forma é, mas por outro lado, deixou de fazer nos últimos anos tudo que deveria para estarmos em situação melhor. Uma delas era reduzir a pressão tributária sobre a sociedade e diminuir o tamanho do estado. Agora estamos no meio de uma recessão, sim a palavra foi liberada, com um estado gigante para sustentar e um mercado encolhendo, o que reduzirá a arrecadação.
Em campanha para 2010, o governo nem pensa em diminuir os gastos. Cortes em ministérios sem importância para o projeto eleitoral, como a defesa, são feitos mas não aliviam muita coisa. A pergunta que fica é quem pagará a conta de uma recessão.
O contribuinte é o candidato número um, como sempre.
E meus colegas ficarão lamentando a ganância dos capitalistas norte-americanos que provocaram uma crise no Brasil. Mais uma vez a bíblia do perfeito idiota latino-americano, a tese de Eduardo Galeano em “As Veias Abertas da América Latina”. Tudo que acontece de ruim é culpa dos imperialistas.
É muita vontade de se enganar.