Desde a morte de Eloá tenho dito aqui a mesma coisa: matar Lindembergue era uma opção que a polícia de São Paulo não tinha. Reinaldo Azevedo é de longe o que melhor analisou tudo que aconteceu até agora. Em post de hoje, nos apresenta uma estória importante para entender o caso:
Em 1995, dois assaltantes fizeram reféns 18 operários numa obra — a construção de uma mansão — no Morumbi. Era dia de pagamento. O GATE foi acionado. A negociação se prolongou. Dado o primeiro tiro por um dos bandidos, os policiais decidiram invadir a área. Resultado: quatro mortos — os dois bandidos e dois reféns. Sabem o que aconteceu com o comandante e todos os soldados da operação? Respondem até hoje por um processo sob a acusação de homicídio doloso — para ser preciso: homicídio doloso de quatro pessoas. Treze anos depois, eles ainda não se livraram. O comandante era conhecido na tropa. Liderara antes o cerco a uma rebelião num presídio de Hortolândia. Levou um tiro na boca. Ferido, chamou o imediato, o que está documentado, e determinou: “Não deixe o pessoal perder o controle”. O episódio do Morumbi, infelizmente, restou como um exemplo — um mau exemplo — para os homens que atuam na linha de frente do GATE. Já chegou lá.
Anos de campanha sistemática dos formadores de opinião contra a polícia produziu este estado absurdo de coisas. Entre um bandido e um policial, a mídia em geral e nossa intelectualidade se coloca ao lado do bandido.
Vejam que fiz uma distinção importante: mídia e intelectuais. O povo, pelo menos o de bem, está do lado da polícia. Acha que se deveria ter matado Lindembergue se a chance aparecesse. Lamentam que a polícia não tenha aproveitado a invasão para matá-lo. Se houvesse um plebiscito, ele seria enforcado ou esquartejado, ou ambos.
Digo aqui que o povo é mais sábio? De jeito nenhum. É levado por um sentimento de vingança mas acertam em um ponto: sabem identificar o real culpado do que aconteceu em Santo André. Coisa que a maioria de nossos formadores de opinião não sabem. Ainda estão apaixonados pelo bandido da luz vermelha.