Recebi este texto por e-mail hoje, o mesmo que Noblat publicou em seu blog hoje. Trata-se da explicação para a crise financeira americana. Os grifos são meus.
“O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça “na caderneta” aos seus leais fregueses, todos bebuns e quase todos desempregados.
Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito e o aumento da margem para compensar o risco).
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, PQP, TDA, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu ).
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bebuns da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifu.”
Comento:
A estorinha é muito interessante e reflete algumas conclusões que eu já havia tirado em minha tentativa de entender a bagunça. Algumas lacunas ficam em branco, omitidas propositalmente para demonizar o capitalismo.
Vejam que seu Biu colocou no caderninho as dívidas de clientes bebuns e desempregados; o mesmo aconteceu com instituições como Freddie e Fanny que aceitaram hipotecas de gente que não tinha renda para receber este dinheiro. Por que escolheram clientes com maior risco? Por que o governo Clinton quis fazer justiça social com o sistema financeiro.
Logo depois aparece o banco aceitando a caderneta do seu Biu constitui um ativo recebível, conforme foi orientado pelo governo Clinton que estabeleceu que seguro desemprego e benefícios sociais poderiam ser aceitos como ativos.
A estorinha do seu Biu esconde a participação do governo na crise e fica parecendo que foi uma trapalhada irresponsável do mercado. Não foi bem assim, a bolha foi estimulada pelo poder político e aumentou demais. Quando estourou criou este monstro. É bom que se diga, muita gente ganhou dinheiro com ela, inclusive quem desfrutou de crédito fácil nestes últimos anos, como os países emergentes.
Agora é hora de pagar o preço.