Capitalismo, o lobo mau

Novamente o capitalismo está em cheque diante da crise na bolsa de New York. Nestas horas é bom lembrar que não existe uma utopia chamada capitalismo que pretende ser a redenção do mundo e a salvação de todos. O capitalismo é um conjunto de práticas econômicas baseadas em escolhas pessoais, na liberdade de comprar ou vender um bem, na liberdade de trocar.

A liberdade do homem funciona para o bem e para o mal. Decisões são tomadas a todo o instante, do faxineiro até o presidente de uma empresa, e estas decisões podem ser boas ou ruins. Um banco não vai a falência de uma hora para outra e sim por uma série de decisões erradas que são tomadas ao longo do tempo. Ao invés de decretar a falência do capitalismo, a mídia deveria estar questionando até que ponto a interferência do governo contribuiu para a falência do Lehman, uma instituição que há muito tempo deixou de ser totalmente privada.

Um dos problemas de uma intervenção estatal é que gera uma expectativa de que acontecerá novamente, levando empresas a se arriscarem mais na confiança de um socorro governamental se as coisas derem erradas. Devo então dizer que o estado não deve interferir em um casos desses? Sou absolutamente ignorante para fazer uma afirmação destas, apenas aponto que sempre existirá efeitos negativos quando esta intervenção ocorrer, efeitos que devem ser considerados e devidamente analisados.

O que me causa espanto é que qualquer sobressalto do sistema de liberdades econômicas resulta em uma constatação que o capitalismo não funciona. Apontam a África como exemplo. Se tem uma coisa que não existiu na África ao longo do último século foi o liberalismo econômico. Tirando a África do Sul, toda a África Negra foi controlada pelo dirigismo estatal e o resultado está aí.
O mesmo se pode dizer sobre a América Latina, com exceção recentemente do Chile que aderiu ao liberalismo econômico e já consegue ver um lugar no primeiro mundo daqui a uma ou duas décadas. O Brasil vive há muito tempo uma economia com forte intervenção estatal e por isso estamos patinando e no atual governo andando para trás. Os resultados ficarão mais claros nos próximos anos.

Por ser um sistema baseado na liberdade é preciso entender que nunca será perfeito, que empresas quebrarão, pessoas ficarão desempregadas, que a pobreza não será eliminada do mundo, embora seja em grande parte diminuída. O mais importante é que o próprio mercado absorve estas crises periódicas e procura corrigir suas falhas. Em 1930 Roosevelt instituiu o New Deal para salvar a América do crash de 29. Cada vez mais aparecem economistas e historiadores defendendo que foi justamente a interferência do Estado que aprofundou e alongou a crise.

É preciso ter muito cuidado com o remédio dado pelos governos. São remédios caros, cheio de efeitos colaterais e que costumam ser dosados em exagero.

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