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Não gostei do espetáculo que foi este julgamento da pesquisa com célula-tronco embrionária. Esperava que os ministros do Supremo julgassem com serenidade a causa, como fizeram a maioria e aqui coloco alguns contra e outros a favor.
Entretanto outros comportaram-se como militantes políticos. Transformara, como apontei desde o início, o julgamento como um confronto entre religião e ciência, justamente o que mais temia. Neste caso deploro o resultado: venceu o relativismo moral.
Acho, ou achava, não sei mais, ser possível defender com argumentos razoáveis os dois pontos de vistas e procurar a verdade em um confronto sincero, em busca de uma luz sobre um assunto tão espinhoso. Reinaldo tem toda a razão, Celso Mello e Ellen Gracie comportaram-se como se estivessem em um debate universitário, não com a serenidade que a questão exigia.
Não é a toa que Kennedy Alencar considera a decisão como uma vitória do progressismo e a consolidação da separação da religião e o estado no Brasil. Como? Não sabia que esta separação estava a perigo. E ainda conseguiu colocar Bush no meio do debate. Nem aqui o cara tem sossego.
Escutei perplexo argumentos sobre o início da vida. Afirmaram que começa apenas no nascimento, no crescimento das células nervosas, de tudo que é forma. A ciência não conseguiu estabelecer este momento até hoje, como podem alguns juízes do supremo precisá-lo? Na prática se mostram tão religiosos e dogmáticos como imaginam ser seus adversários. Os votos de Mello, Gracie e, infelizmente, Marco Aurélio foram os mais religiosos do julgamento. Este último chegou a fazer a ligação da pesquisa com o descriminação do aborto.
Quando Kennedy Alencar afirma que hoje surgiu a esperança de cura para milhões de pacientes graves só pode estar brincando. Temos países de primeiro mundo pesquisando estas células há mais de uma década sem resultado nenhum. Deus tem que ser realmente brasileiro para nos colocar na frente desta turma.
Se o que aconteceu hoje foi uma vitória do progressismo eu começo a firmar uma opinião sobre o assunto. Às vezes as críticas nos esclarecem mais do que os apoios. Este parece ser um destes casos.