Muito bem colocado por Reinaldo Azevedo:
Nesse caso, aquela parte da imprensa que acusa exploração vil do caso Isabella não vê qualquer problema. Quartiero é um dos seus “bandidos” de manual. Começa que ele é um grande produtor agrícola, e isso ofende, por qualquer razão, os nossos “progressistas”. Nos debates sobre o assassinto da menina, diz-se que o “clamor público” substitui a Justiça. No caso, no entanto, do tal Bida, suspeito de ter matado Dorothy Stang, o clamor para que seja condenado é mundial. Mas, aí, é considerado legítimo. Não é justiça o que querem, mas justiçamento — contra aqueles que consideram seus inimigos. Lei boa é a que beneficia seus pares ideológicos. Se proteger também os adversários, passa a ser má.
(…)
Como se vê, o governo age rápido contra o que considera “impunidade”. Ontem, Lula comparou os índios aos traficantes. Segundo ele, são todos vítimas da falta de assistência do estado, da “falta de água, de esgoto”. Já um fazendeiro, não. Fazendeiro é bandido mesmo. Sem desculpas.
Nunca se pode pedir lógica para as idéias e ações desta gente, simplesmente não existe. O principal é o juízo a priori: se está do meu lado é inocente, se contrário é culpado. É preciso primeiro definir a classificação do indivíduo segundo a caracterização ideológica socialista da sociedade para depois emitir qualquer julgamento sobre sua obra.
No caso da menina Isabella encontraram o inimigo na Rede Globo. O fato em si, a morte da menina, tem pouco importância, mas a cobertura de emissora demoníaca é assunto que fervilha para a intelectualidade brasileira. O que mais desejam agora é que surja uma prova de que os dois são inocentes para poder destilar todo seu ódio para a emissora.
No caso da Raposa/Serra do Sol é até covardia. De um lado um fazendeiro, grande produtor. De outro índios. É preciso lembrar sempre que no fundo da mente dessa gente existe o mito do bom selvagem de Rosseau; o homem é naturalmente bom, a sociedade que o corrompe. O mesmo vale para o fazendeiro acusado de matar Dorothy Stang, esta um verdadeiro tesouro da esquerda.
Ao mesmo tempo que defendem de forma intransigente a condenação dos dois fazendeiros, querem todos os direitos e presunção de inocência para índios, o pai e madrasta de Isabella, mensaleiros, traficantes, etc.
Assim o mesmo governo que é implacável em prender um fazendeiro que defendia suas terras é leniente com quem as invade, sejam índios ou do MST. No fundo está a condenação marxista da propriedade privada.
Por fim, novamente, a tese que a criminalidade tem sua origem nos problemas sociais. Vejam que o presidente já está absolvendo os índios de qualquer crime que venham a cometer, assim como os traficantes, vítimas da falta de “água e esgoto”. Talvez seja por isso também que não vejam com bons olhos a condenação do pai e da madrasta da menina. Não dá para colocar este crime como conseqüência social, não é?