O Globo de hoje:
Moradores de 101 comunidades carentes da capital rompem a lei do silêncio e ganham voz numa pesquisa que, entre outros resultados, quebra mitos – como o de que o veículo blindado da polícia, o caveirão, usado em operações nas favelas, não é bem aceito pela população. Também foram postos à prova temas como a legalização de drogas leves e a adoção da pena de morte no Brasil, rejeitadas pela maioria (respectivamente, 60,5% e 54% dos entrevistados). Já a intervenção das Forças Armadas nas comunidades foi aprovada pela maior parte (48,9%) das 1.074 pessoas ouvidas.
A grande surpresa foi a aprovação do blindado (por 48% dos moradores, enquanto 29% se disseram contrários à sua utilização). O percentual de apoio é maior na Zona Oeste (61,4%), entre homens (53,4%), os mais jovens, os de menor renda e entre os analfabetos e com curso superior. Ele é menor na Zona Norte (33,6%), entre as mulheres, os mais velhos, quem tem maior renda e aqueles com escolaridade entre 1ª e 4ª séries.
No início do atual governo houve uma sanha por aumentar a participação popular, a tal democracia direta. A toda hora parlamentares petistas tocavam no tema plebiscito para os mais variados temas. Dois fatos mudaram este discurso. O plebiscito do desarmamento e as pesquisas de opinião.
A derrota no plebiscito foi um golpe duro, ainda mais por ter mobilizado o presidente da república, presidente do congresso e, principalmente, a Rede Globo. Não lembro de uma campanha em que a Globo tenha entrado com toda sua força e tenha sido solenemente derrotada. Foi uma mobilização que começou pela internet aliada a uma eficiente propaganda que acabou conquistando o eleitor e provocando uma surpreendente reviravolta. Não que o brasileiro seja a favor das armas, mas percebeu que o desarmamento era só para o cidadão de bem, os bandidos continuariam com seus arsenais.
Depois vieram pesquisas que revelam dados interessantes e que assustaram a esquerda. O brasileiro, na média, é conservador! Não deixa de ser curioso, a cada eleição é obrigado a votar entre candidatos dos mais variados campos da esquerda, mas no fundo não possui uma opção que verbalize suas próprias opiniões. O caso do aborto mostra bem o que acontece. No ano passado o ministro Temporão, aquele que está fugindo da responsabilidade no combate à dengue, deu entrevistas defendendo uma maior discussão sobre o tema e até mesmo um plebiscito. Os abortistas entraram em pânico e fizeram o ministro recuar. Na avaliação deles a derrota seria certa, até porque a maioria dos políticos não defenderiam em público a legalização do aborto. Foi a última vez que ouvi falar em plebiscito. Exceto, naturalmente, o fim do limite de re-eleição que volta e meia surge para testar se cola.
Pois esta pesquisa apresenta dados curiosos e uma constatação. Os traficantes não são “heróis” dos morros diante da “injustiça social” como gosta de mostrar os intelectuais brasileiros. São fonte de terror e preocupação para os habitantes das favelas; gostariam de se ver livre deles e poder levar uma vida digna, sem ser usado como intermediários na guerra do tráfico. Gostariam de vê-los na cadeia, gostariam de ver a polícia cumprindo seu papel. São Paulo tem mostrado que a solução para a violência urbana nos grandes centros é simples: prender os marginais. Não é interessante? Quanto mais bandidos presos, menos bandidos na rua! Mas tem muita gente que defende que o lugar de bandido não é na cadeia, é na escola! E não é coisa só de brasileiro, acontece em país como os Estados Unidos, o problema é que aqui esta turma vai às últimas conseqüências.
Este ano teremos eleições municipais. Quantos candidatos defenderão a ação da polícia diante do crime organizado? É bom o eleitor cobrar este posicionamento, principalmente em Recife e Belo Horizonte, os dois centros urbanos mais violentos do país. A violência é, na minha opinião, o maior problema e preocupação do brasileiro. Saber que sua família está em risco, que pode ser seqüestrado em um caixa eletrônico, que o filho pode ser baleado ou assediado pelo tráfico, que alguém da família pode ser atingido por uma bala perdido, que um filho pode sucumbir diante das drogas. Não há medo maior do que esse. E são os mais pobres que sofrem mais pois estão diretamente em contato com estes marginais.
Querem fazer política para os mais pobres? Comecem pelo mais básico, a segurança. É um bom caminho.