Quase deixei de escapar esta notícia na Folha de ontem:
Por Marcelo Ninio, na Folha:
Um relatório preparado por um investigador das Nações Unidas afirma que o terrorismo palestino é “conseqüência inevitável” da ocupação israelense e pode ser comparado à resistência ao nazismo e à luta contra o apartheid, o antigo regime de segregação racial da África do Sul. A comparação enfureceu a diplomacia israelense, que considerou o documento uma espécie de luz verde da organização ao terror.
O que há com a ONU? Há muito que vejo, com horror, a sua transformação em instrumento de guerra ideológica de nações delinqüentes. Cada vez desconfio mais de seus critérios e de seus burocratas. Comparar o terrorismo palestino com a resistência ao nazismo é algo de um absurdo ímpar. Basta lembrar que a resistência sempre dirigiu sua força contra as tropas nazistas e estava reagindo a uma política de extermínio. Nada remotamente parecido ocorre em relação à ocupação israelense.
Muitos argumentam que era fácil resolver o problema, bastava Israel desocupar a palestina. Não é tão simples, a segurança do país está em jogo aí. Desocupar significa trazer os mísseis mais para perto de sua fronteira e se tornar um alvo mais fácil para grupos como o Hammas. É preciso lembrar sempre que a reação não é à invasão israelense, mas a sua própria existência. O objetivo é claro: varrer Israel do mapa.
Comparar desiguais é típico da delinqüência intelectual de nossos dias. Mas Alemanha Nazista com Israel? Aí fica forte até para os padrões normais.
A ONU não está acima do bem e do mal. Ela posa como uma instituição perfeita, sempre em defesa da humanidade. Desconfio imensamente dos que protegem a humanidade. Cada vez mais.