Não vi o pronunciamento de Lula na TV ontem. Pelo que li, nada de novo. Como sempre o país não existia antes de sua posse, nunca em nossa história tivemos um presidente como ele, etc. Tudo muito previsível.
É claro que o crescimento econômico, embalado em boa parte pelo crescimento mundial, é o esteio de seu governo. Neste ponto Lula tem responsabilidade objetiva. Contrariando tudo que seu partido defendeu (e que grande parte ainda defende) manteve a política econômica que herdou dos tucanos, para nossa sorte. Como levantou bem Reinaldo Azevedo em seu blog antes: para ter sucesso é preciso fazer o contrário do que o PT recomenda, mesmo se você for do PT. Foi o que Lula fez, e está capitalizando em cima.
Lula não disse que o crescimento econômico é fruto das bases estabelecidas no governo anterior, em tudo que não meteu a mão e não deixou que metessem, colocou a responsabilidade do crescimento nas políticas sociais do seu governo. Como se política social gerasse crescimento econômico.
Tudo isso deixa claro que a oposição precisar aprender a fazer política em um ambiente de economia de desempenho pelo menos razoável. E para isso precisa debater valores, mostrar que a despeito da economia, existem outras áreas de uma sociedade que são responsabilidades de um governo.
Toda campanha política é a mesma ladainha, só se fala de emprego, crescimento, inflação, juros, bancos, etc. Está na hora de se debater outras coisas na campanha, e fugindo do abstrato. A democracia, a liberdade de expressão, o modelo político, o aborto, os movimentos sociais, as ONGs e, ao meu ver, o principal papel do estado: a segurança.
A medida que alguns indicadores básicos aumentam, começa na aparecer como a segurança como uma das maiores preocupações do eleitor. E nesse item o governo Lula é um fracasso completo, em qualquer nível, federal, estadual ou municipal. Para isso existe uma razão: a tese fechada no partido (e nas esquerdas) da responsabilidade social do crime.
É preciso enfrentar o petismo em seus valores, em sua essência. Existe todo um discurso instituído na sociedade nos últimos 30 anos que o protege. Esta na hora de desconstrui-lo. É preciso que não se tenha medo de assumir posições firmes e contrariar alguns segmentos da sociedade. Muitas teses petistas não resistem a um bom debate, por isso demonizam o interlocutor para fugir do confronto.
Enfim, é preciso coragem.