Na última semana a revista Veja colocou em destaque a língua portuguesa, muito em função da nova reforma que está se estudando. Em artigo, Reinaldo Azevedo fez uma defesa, não só da manutenção, como no resgate da língua original. Questionou o surgimento da matéria Comunicação e Expressão no lugar do Português. Esta mudança não foi apenas no nome, mas no ensino. Passou-se a dar mais importância à interpretação de textos e redação do que à análise sintática, e mesmo esta interpretação é feita em cima de textos cada vez mais pobres.
Estou fazendo um curso de pós-graduação em língua portuguesa. Confesso que fui um aluno mediano desta matéria que, na época, não gostava. Hoje mudei meu pensamento e a cada dia me apaixono mais por nosso língua tão maltratada.
Pois estudando coerência e coesão textual, nossa professora nos apresentou a uma frase de Camões e pediu-nos, inicialmente, que identificássemos as orações. A frase é a que se segue:
Se dizem, fero amor que a sede tua nem com lágrimas tristes se mitiga é porque queres tuas aras banhar em sangue humano.
Pela indentifcação dos verbos temos:
Se dizem, fero amor / que a sua sede tua nem com lágrimas tristes se mitiga / é / porque queres tuas aras banhar em sangue humano.
A pergunta seguinte é a mais interessante: qual é a oração principal?
Todas as orações iniciam por conjunções subordinativas, com uma única exceção: a oração “é”. Mas pode um verbo auxiliar constituir a oração principal?
Aí vem o conhecimento do verbo vicário. O verbo vicário é um verbo que pode substituir outro verbo para evitar a repetição. Na nossa língua apenas o “fazer” e o “ser” podem realizar esta função. Veja o exemplo: precisava comprar balas e assim o fez. O verbo fazer substitui o verbo comprar.
Na frase de Camões o verbo deve ser substituído por “dizem-no” para permitir a análise sintática. Desta forma fica bem mais fácil identificar a oração principal, mostra e beleza da construção do nosso maior poeta e a importância de se analisar sua obra nas salas de aula.
Boa essa Guerson. Como eu costumo dizer – e você deve se lembrar – quem sabe análise sintática sabe tudo.
Quanto mais leio Camões, vejo que, realmente, ele é e continua sendo o maior.
A Camilla disse que você está muito tempo longe da Helen para ligar para essas coisas…
Mas a nossa língua merece, não é!?!?!? rsrsrsrs
Maurício, o Máximo
É verdade, ainda não li os Lusíadas, mas está na fila. A questão é que não se trata de uma leitura fácil, é coisa para gente grande. Precisa ter tempo, paciência e dedicação. Chegaremos lá!