Um voto jogado no lixo

O processo contra Renan Calheiros pelo menos revelou-me que (mais uma vez) joguei um voto no lixo. Trata-se de meu voto no senador Francisco Dornelles nas últimas eleições. Não votei por convicção, mas diante de uma adversária comunista votei neste senhor. Por princípio não voto vermelho. Hoje, na mesma situação, anularia meu voto. O papel de Dornelles nos últimos dias foi simplesmente revoltante. Segundo ele o fato de Calheiros não ter renda para pagar a pensão não constitui falta de decoro, apenas uma questão tributária. Aproveitou para ameaçar os demais senadores: uma condenação implicaria que todos eles poderiam ser alvos do mesmo processo.

Trata-se de uma falácia sem tamanho. Questão tributária é você sonegar um imposto. Fazer despesas sem renda é outra coisa. Significa pura e simplesmente dinheiro ilegal. E os valores que o senador movimentou apontam uma grande ilegalidade. Em entrevista Dornelles afirmou:

FOLHA – Por que não cassar Renan Calheiros?
FRANCISCO DORNELLES – Não há nenhuma prova de que os recursos para pagar a jornalista eram da Mendes Júnior. O Conselho de Ética diz que o Renan não provou que tinha renda para fazer os aportes. O problema seria crime contra a ordem tributária, que só pode ser apurado no âmbito de processo da Receita.

Pior viria a seguir:

FOLHA – Mas quebra de decoro é um processo político…
DORNELLES – Depende. Se o sujeito tirar a roupa e entrar aqui nu, é um decoro parlamentar, um problema político. O sujeito estuprar uma menina dentro do Parlamento é uma coisa política. O processo tem de ser político para ações políticas. Mas como você vai incluir um crime contra a ordem tributária no campo político?

Mais um ponto em que me diferencio do petista-lulista. Não morro abraçado ao meu voto e não faço meus julgamentos baseados em relativismo. O papel do senador que votei foi vergonhoso e lastimável. Nunca mais terá meu voto. Simples assim.

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