Durante alguns dias foi possível ver uma propaganda da Peugeout em que pegava carona na besteira que Marta Suplicy falou sobre a crise dos aeroportos. Não durou muito, o presidente não gostou do tom e mandou recado para a montadora.
Fosse um país totalmente democrático receberia uma boa banana. Mas como é uma país onde o estado é onipresente e principal ator econômico, a montadora mandou tirar o comercial do ar. O criador do comercial reclamou no site do Clube de Criação de São Paulo, do qual é presidente e saiu a seguinte nota:
Em São Paulo, Jáder Rossetto, que acaba de voltar de Porto Alegre, diz que o melhor a fazer é tocar o barco adiante, já que um pedido do presidente não poderia ser negado.
Novamente as tropas petistas entraram em ação. Não poderia caracterizar interferência do presidente em um assunto eminentemente privado. Passaram a negar a pressão. Soltaram a versão que o comercial tinha chegado ao fim de seu ciclo útil. E a nota? Foi trocada. Agora está escrito “um pedido de Brasília não poderia…”.
Para mim fica até pior. Pior do que o presidente se metendo neste assunto é a burocracia fazendo-o. Toda vez que uma área criativa fica sobre pressões de burocratas a democracia perde um pouquinho.
O pior é o que vem depois. Criadores ficarão um pouco mais cautelosos em mexer com o governo. Tudo faz parte de um método, e assim vamos recuando sempre.
Este é um dos motivos que sou contra o estado forte, paternalista, dono da moral. A cada pedaço que ele avança na sociedade quer um pedaço a mais, e assim vai criando suas teias. O pior é que para desmanchar depois o esforço é gigantesco.
Esta herança que o petismo vai deixar um dia será a verdadeira herança maldita.
E terá de haver forças para tanto.