O prefeito do Rio, César Maia, defende a tese que o governante inicia lentamente seu declínio popular à partir de meados do primeiro ano do segundo mandato. É claro que em se tratando de Lula, nenhuma regra pode ser aplicada a priori.
Mas as vaias de ontem foram significativas, e o presidente sentiu o golpe. Simplesmente não esperava. Estava no Rio de Janeiro, cidade que venceu com folgas nas últimas eleições, seu governo coleciona notícias boas, surfando com a onda do crescimento mundial; sua máquina de propaganda funciona com máxima eficiência. De repente, vaias.
Talvez seja o primeiro sinal de que a crise ética que o congresso se meteu, mais uma vez, está despertando a intolerância contra todos os políticos. Não por acaso o governador e o prefeito também foram vaiados. A novidade é que Lula começa a não ser mais poupado.
Podem argumentar que os espectadores do Maracanã não representam seu eleitorado mais fiel. Não é bem assim. Mesmo que se considere que o público seja de classe mais alta que a média, no Rio a tendência deste eleitorado em particular sempre foi pela esquerda. Heloísa Helena teve excelente performace na zona sul do Rio. Pode sim ser o sinal do início do desgaste.
O atual governo vive exclusivamente do carisma de seu chefe. E a muralha começa a apresentar rachaduras.