Fugindo ao controle

Triste de ver a tragédia estrelada por Renan Calheiros, presidente do Senado. Não por pena do senador, afinal nada vem de graça; mas por constatar o nível de amoralidade de nossos homens públicos.

Diante da primeira acusação, de que teria se promiscuído com empreiteiros para inclusive pagar a pensão para quem classificou como “a gestante”, saiu-se com uma estória e uma documentação que ruiu como um castelo de cartas. Nada se manteve em pé. Acusou a mídia de invadir sua privacidade e expôs vergonhosamente sua esposa para se defender. Nunca se questionou o fato de ter tido uma amante e um filho, mas a suspeita de ter utilizado dinheiro de empreiteiros para pagar a conta, com evidente contrapartida do senador no congresso.

Armou-se um simulacro de investigação no conselho de ética, cujo relator e presidente fizeram de tudo para dar um fim rápido ao processo. Ouvir a “gestante”? Nem pensar, todo temem o que ela pode revelar em um depoimento. O caso ainda pode ser arquivado? Pode. Mas o poder de Calheiros nunca mais será o mesmo, e a imagem do Senado será fortemente arranhada.

É claro que já deveria ter se afastado da presidência e se defendido como um senador comum, igual aos outros. O desespero com que se agarra ao cargo só depões contra sua própria pessoa.

Soma-se ainda o desempenho vergonhoso de Sibá Machado, Romero Jucá, Romeu Tuma e Cafeteira. Fizeram de tudo para jogar a sujeira para debaixo do tapete, e ainda podem conseguir. A própria oposição ficou muda no episódio, destacando-se apenas alguns nomes individuais, como Demóstenes Torres.

Enfim, mais uma página vergonhosa da nova república.

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