Comentei sobre a participação do Ministro da Saúde no Roda Viva meses atrás. Temporão foi claro: defendia o debate sobre o assunto, não necessariamente o aborto. Mostrou toda argumentação à favor da ampliação do direito, mas quando perguntado negou-se a se posicionar na questão. Mas defendia um plebiscito.
Levantou novamente o assunto na época da visita do papa. Bento XVI foi taxativo sobre a posição da Igreja: não. Pesquisa da Folha: maioria do povo é contra. As próprias associações e ONGs que defendem a ampliação posicionou-se contra o plebiscito. Na época comentei que o plebiscito deixaria de ser estratégia, partiriam para o congresso onde a população não dá pitaco.
Pois leio hoje que Temporão defende que o Congresso faça a mudança da lei, e urgente. É um democrata não? Vendo que sua tese não encontra respaldo popular, tenta agora que seja feita na surdina, sem um debate nacional à respeito.
Ah, mas os deputados são eleitos para isso, para representar a população. Primeiro que a esmagadora maioria é eleita por votos de sua legenda, e dizer que representam um eleitorado é uma grande falácia. Não digo que deveriam deixar de existir, melhor com eles do que sem Congresso. Mas o fato é que nosso sistema é viciado e não funciona em termos de representação popular.
Mas o principal é que um assunto desses, em qualquer sociedade que se preze, é motivo para debate amplo e irrestrito. Basta lembrar que Portugal ampliou o direito ao aborto através de consulta popular. Não por vontade exclusiva de seu parlamento.
A sociedade deve ficar vigilante. A maioria é contra, mas políticos, o partido do poder, e grande parte da mídia são à favor. Se querem o debate que se faça, mas no arrepio não!