A Samaritana

Hoje assisti uma palestra muito bonita sobre uma passagem do Evangelho de João.

Jesus, ainda no início de sua pregação, quebra vários paradigmas de sua época, particularmente do povo judeu, e pela primeira vez se anuncia como o Messias.

Uma vez, em discussão com um amigo, este questionava a interpretação da bíblica. Afirmava que não existia possíveis interpretações para o texto escrito, que a mensagem era clara.

Não concordei na época, e muito menos agora. Se um texto de duas linhas pode ser interpretado de forma diferente por quem o lê, como poderia o texto bíblico, com toda sua riqueza e repleto de simbolismo, chegar da mesma forma à todas as pessoas?

O que me chamou atenção, em particular na história denominada “A Samaritana” foi a questão da mulher na sociedade patriarcal da época. Reinaldo Azevedo, defendeu faz algumas semanas, o papel do cristianismo como redentor da mulher na sociedade. Depois coloco o texto dele.

O fato é que cheguei em casa agora a pouco e coloquei as idéias da palestra para não esquecê-las, e divido com quem quiser através do link abaixo:

A Samaritana

4 pensamentos sobre “A Samaritana

  1. Realmente, a mensagem de Jesus sempre foi inclusiva – todos eram iguais: homens, mulheres, crianças. Infelizmente não foi assim que seus seguidores interpretaram seus ensinamentos ao longo dos séculos. A igreja sempre viu a mulher como uma criatura fraca, corruptível e corrupta, e libidinosa. A situação da mulher na sociedade era muito melhor na Europa pagã do que mais tarde, sob o cristianismo.

    Dois livros bons sobre isso são:

    James Brundage, Law, Sex and Christian Society in the Middle Ages.

    Wiesner, M. E. Women and Gender in Early Modern Europe. (2000)

  2. Os cristianismo é muito mais amplo do que a Igreja Católica. Tudo bem que na Idade Média a única religião cristã organizada fosse a católica, mas tenho sempre muito cuidado de não me referir ao catolicismo como cristianismo.

    Quando você diz que “não foi assim que seus seguidores interpretaram…”, está generalizando. Na verdade parece que foi uma estratégia seguida pela alta hierarquia católica. No entanto, mesmo dentro da igreja, o papel da mulher ampliou-se muito em relação ao judaísmo. E deve-se atentar para que a Igreja Católica sempre destacou bastante a figura de Maria e ao longo do tempo santificou várias mulheres.

  3. Pois é, mas vc está falando em teoria – realmente, o judaismo era uma religião altamente patriarcal mas o cristianismo não mudou muito essa tradição. Em teoria, a mulher cristã tinha mais papel na sociedade cristã, mas na prática a mulher judia tinha muito mais autonomia que a mulher cristã. A mulher judia casada tinha propriedade sobre seus bens, podia comercializa-los sem autorização do marido, se ele se divorciasse dela (pratica permitida no judaismo) ela teria que ser compensada com metade de tudo, ela tinha direito a educação,etc. A mulher cristã era propriedade de seu marido, não podia fazer nada sem autorização dele, o seu dote era administrado pelo marido, e a não ser que fosse freira, não era recomendado que aprendesse a ler e escrever.

    Infelizmente não dá para falar de cristianismo sem incluir a igreja, pois o cristianismo puro nunca pode ser aplicado sem que houvesse perseguição da igreja.

    É verdade que a Igreja sempre louvou a figura de Maria. O problema é que a imagem de Maria que era louvada era de uma mulher santa, submissa à vontade do seu senhor, e pura. Uma mulher normal não poderia aspirar a seguir seu exemplo, a não ser que entrasse para um convento. Vou te mandar as anotações de uma aula que uma amiga minha – especialista na historia das mulheres – deu sobre o assunto…

    Um abraço

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