O artigo de Merval Pereira, no Globo de hoje, levanta a questão do emprego das forças armadas no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, fazendo um paralelo com a situação no Haiti.
A cada dia surgem mais defensores da tese que se o Exército entra nas favelas e enfrenta bandidos em Porto Príncipe, pode fazer o mesmo no Rio. O artigo mostra que não é bem assim.
Inicialmente cita o General Heleno, primeiro comandante da missão de paz no Haiti. Ele deixa claro que apesar dos 6 contingentes que já passaram por lá estarem bem preparados, as duas situações possuem diferenças marcantes.
Primeiro no aspecto político, “porque lá nós estamos trabalhando sob a égide da ONU, com regras de engajamento bem definidas“.
Já no Brasil não se definiu até hoje o amparo legal para atuação do Exército nesse tipo de operações. Existe o risco de militares acabarem no banco dos réus por cumprirem seu dever.
Outro ponto fundamental é que no Haiti o soldado não mora na área conflagrada. No Brasil a ameaça às famílias dos militares seria um ingrediente a mais.
Além disso, não dá para comparar as duas bandidagens. “Lá o tráfico de drogas é mínimo, a defesa de posições dos traficantes do Rio é muito mais forte e os armamentos, mais pesados“.
Cristovão Buarque, que esteve no Haiti, afirma não ter dúvidas da capacidade do Exército, mas possui dúvidas em seu emprego dentro do território nacional. Lembra que, neste caso, o Exército mataria brasileiros, mesmo sendo bandidos.
O mais interessante do artigo é a mensagem de Antonio Jorge Ramalho, que toca novamente na questão do marco legal da atuação das Forças armadas; e vai mais além.
Segundo ele, a missão está clara no texto constitucional, mas a “visão do que se espera das Forças Armadas não está“. As autoridades políticas do Executivo e Legislativo não definiram até hoje o projeto da Força, os cenários de emprego, o dimensionamento e capacitação específica.
Existe ainda um tabu em relação a 1964. A sociedade ainda não avaliou os erros e acertos do regime de 64 e não decidiu o que quer das suas Forças Armadas.
Conflui afirmando que cabe fazê-lo.
O grade problema, a meu ver, é que o poder político está sendo exercido justamente por aqueles que foram combatidos pelas Forças Armadas no regime militar. Existem políticos que deixam claro seu desprezo pelo Exército, e políticos importantes como José Dirceu e José Serra; só para ficar em dois figurões de lados opostos.
Quem já andou pelo Brasil sabe que a população possui os militares em muito melhor conceito do que os políticos e grande parte da mídia. Devemos lembrar que muitos são herdeiros de indenizações milionárias na condição de “perseguidos“. Um exemplo é o jornalista Carlos Heitor Cony.
Precisamos esperar a substituição desta velha guarda política por uma nova geração que não tenha vivido este período de nossa história.
O grande problema é que pelo que temos visto nos cursos de jornalismo e nas redações, a doutrinação é pesada nos valores do socialismo. O que não quer dizer que seja contra as Forças Armadas.
Mas, apesar do discurso, é, e sempre foi, contra as liberdades individuais e a democracia.
oi, li seu artigo comentando a reportagem do globo sobre o uso das forças armadas no combate ao crime organizado e gostei muito de suas colocações e pontos de vista , sou um estudante do ensino superior e estou montando minha tese de monografia em cima desse tema e gostaria de saber se o senhor poderia me ajudar com mais algumas opinioes e sugestões sobre o assunto.
antecipadamente agradeço!
Alysson Kardeck