Temporão no Roda Vida

O ministro da saúde está neste momento no programa Roda Viva da TV Cultura. Como não poderia deixar de ser a primeira questão levantada é o aborto. O ministro defende a discussão da matéria através do plebiscito.

Não entendo porque depois de tomar toda uma linha de raciocínio em defesa da liberação do aborto se recuse veemente a se posicionar à favor do aborto. Por que? Qual o medo de manifestar claramente sua posição?

Seu principal argumento são os estimados 1,1 milhão de abortos no Brasil. Afirmou que não é teólogo e nem filósofo e que portanto sua opinião é unicamente de médico sanitarista.

Reconheceu, no entanto, que a necessidade do aborto decorre de uma série de outros fatores como a falta de informação, educação, fornecimento de anti-concepcionais e preservativos. Disse que o aborto é uma realidade no país e que pílulas abortivas são vendidas em camelôs no centro do Rio.

Pois o que o ministro descreveu foi a total incompetência do governo em prover política de saúde e educação no Brasil. Diante da falta de governo que provoca a ineficácia da lei, defende a supressão da mesma. Ou seja, remover o sofá da sala.

Será que o estado não pode fazer um esforço real para, dentro da lei existente, reduzir esta quantidade absurda de abortos no Brasil antes de propor a liberação do aborto? O próprio ministro, talvez em ato falho, admitiu que o aborto deve ser discutido (e liberado) pela incompetência do governo, que nessa hora é chamada de estado.

Outro ponto que fiquei curioso é como este mesmo estado, incapaz de distribuir preservativos e anti-concepcionais, irá, em caso de liberação, dar conta desta quantidade monstra de abortos na rede pública de saúde?

Se no campo filosófico e religioso sou totalmente contra a prática, a parte sanitária ainda não me convenceu da necessidade do aborto. E por enquanto não chegou nem perto.

Ainda assisti o segundo bloco, em que o tema central foi a dengue. Neste o ministro se saiu muito bem. Afirmou que defende que a administração pública seja feita por profissionais de carreira e que nomeou apenas técnicos no ministério. Reconheceu falhas em sua pasta, o que é raro em se tratando do atual governo. Admitiu também que a gestão do PSDB na pasta foi boa e que por isso manteve os programas iniciados no governo anterior. Segundo Temporão, a política de saúde no Brasil constitui-se política de estado e não de governo.

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