Não podemos viver no passado

Quando Israel voltou do exílio na Babilônia, imediatamente recomeçaram a construir o templo de Jerusalém. Na narrativa de Esdras, começaram pelo tabernáculo. Logo os ritos tinham recomeçado, com os sacrifícios de animais e festas estabelecidos por Moisés. Quando iniciaram as fundações, os sacerdotes mais velhos, que lembravam do templo antigo, criticaram, percebendo que não seria tão grande quanto antes. Os trabalhadores pararam, desanimados.

Assim acontece conosco, sempre que nos deixamos levar por lembranças do passado e não conseguimos olhar adiante. O primeiro templo foi construído por Salomão, em tempos de prosperidade. O segundo estava sendo feito por um povo sofrido, que voltava de um exílio duro, seguindo a orientação de Iaweh. Se pensarmos bem, talvez o mérito fosse ainda maior do que nos tempos do grande rei.

Se não enterrarmos o passado, seremos aterrados por ele e não teremos futuro. Essa é uma das lições que esta passagem nos trás. Não queiramos reconstruir o passado quando não temos condições para isso, e talvez nem seja mais o caso. Olhar para trás é fonte de preciosos ensinamentos, mas não pode ser visto como uma prisão, que nos imobiliza em nossos projetos pessoais e profissionais.

Num reino distante…

Um belo dia, em um reino bem distante, um grupo de juízes deram de presente a um novo governante um conjunto de leis escritas. Eles entendiam que o novo governante era perigoso, que não seguiria as leis que foram promulgadas ao longo do tempo, embora nada indicasse qualquer intenção neste sentido.

Passou o tempo e o que se viu foi o contrário. O grupo de juízes constatemente violavam as leis que estavam naqueles escritos.

Talvez o governante devesse retribuir o presente com outro texto. Eu daria a eles o Tratado da Justiça, de São Tomás de Aquino, e sublinharia, com destaque, a questão 60 (volume 3) que trata do juízo, o ato próprio da justiça.

Lá se adverte sobre o problema de se julgar contrariando as leis escritas, além dos problemas da disposição do julgador e de seguir a reta razão.

A consequência maior deste reino distante é ser entregue, sob aplausos destes juízos, às raposas que aguardam vorazes para devorar tudo que se produz no reino, que não é pouca coisa.

Sob aplausos dos menestréis e trovadores.

Nova rotina matinal

Estou experimentando a proposta de um certo Dickie Bush (@dickiebush) no twitter, para crescimento pessoal.

Todas as manhãs, em no máximo 5 minutos, tenho que responder 5 perguntas com no máximo uma frase. São elas:

  1. Uma coisa que estou grato
  2. Uma coisa que estou empolgado
  3. Uma virtude que gostaria de exibir
  4. Uma coisa que estou evitando
  5. Uma coisa que eu preciso fazer

Esta inspiração cobre as seguintes áreas:

  • momento presente de gratidão
  • empolgação com o que está a frente
  • lembrar o tipo de pessoa que estou tentando me tornar (e a que estou evitando me tornar)

E termina com a coisa mais importante que eu preciso para hoje.

A título de exemplo, vejam minhas resposta para hoje:

  1. Os dias bonitos dados por Deus
  2. viajar para Madrid com minha esposa para celebrar meu casamento
  3. capacidade de doar meu tempo para os outros
  4. cancelar minha afiliação com um clube que não frequento mais
  5. definir meus dias de viagem ao Rio de Janeiro esta semana

E aí, vamos tentar?

Entrando no mundo dos OKR

Há algumas semanas escutei pela primeira vez a expressão OKR (Objective and Key-results), ou objetivos e resultados chaves, em um congresso de tendências agile para o setor público. Fiquei bastante interessado. O OKR pretende responder um dos grandes desafios da gestão, transformar o Planejamento Estratégico em execução.

Há uma certa crise do Planejamento Estratégico. É comum frases como “70% dos PE não se realizam”, “a cultura come o PE no café da manhã” e por aí vai. Uma das grandes questões é até que ponto o PE realmente não está sendo executado? Muitas vezes consideramos que foi um fracasso só porque não seguiu exatamente aquele plano feito lá atrás, embora a organização esteja agindo coerente com a direção e o alinhamento proposto. Enfim, não tenho respostas para estas perguntas.

O que achei interessante, à medida que vou estudando o assunto, é que os OKR colocam menos foco nas tarefas e mais nos resultados que se quer alcançar. Parece meio contraditório, não é? Se o problema é execucão, porque não vou colocar as tarefas no centro do processo? Bem, um dos grandes problemas das organizações é ter tarefas demais para gerenciar, tentando alcançar tudo ao mesmo tempo e com pouco foco. A impressão é que nada está avançando embora possa estar sendo realizado várias melhorias incrementais em vários pontos ao mesmo tempo. Com os OKR, há ciclos de planejamento curtos, com resultados tangíveis e uma necessidade de alinhar tarefas com os objetivos e resultados chave combinados.

Ainda estou no começo desta jornada, fazendo um primeiro curso online. Como treinamento, estou trabalhando no emprego da metodologia em meu planejamento pessoal, estabelecendo OKR para meu plano de vida. Está sendo uma experiência bem interessante.

A gestão é um mundo, com muita coisa nova e vejo muita gente preso no que sempre fez, achando que vai alcançar os mesmos resultados em ambientes cada vez mais complexos e incertos. Líderes que acham que não precisam aprender mais nada ou mesmo que tudo tem que ser empírico, torcendo o nariz para o conhecimento. Estão caminhando para a obscolecência e nem perceberam. Acha que tudo é modeismo, e muita coisa é, mas se tiverem o cuitado de separar o joio do trigo podem ter um papel de destaque em liderança. O conhecimento nunca esteve tão acessível para quem quer aprender, basta dar o primeiro passo.

Criação e análise

Criação e análise são duas partes distintas de nossa mente. O grande problema é que frequentemente deixamos que atuem juntas, o que acabam anulando-se. É preciso primeiro deixar a criatividade atuar livremente, de forma um tanto caótica, sem se precipitar no julgamento das próprias idéias. Depois, em um segundo momento, entra a análise, julgando e ordenando o que foi feito. Por isso, na escrita, é importante escrever o mais rapidamente possível a primeira versão, o rascunho, o monstro, o primeiro jato.

Sabe-se que pouco vai se aproveitar, ou melhor, que o texto final ficará bem diferente e é justamente isso que dá liberdade para nosso primeiro esforço. Se estivermos preocupados com a qualidade do que estamos escrevendo no momento da criação inicial, ficaremos inibidos e chegaremos ao tal bloqueio do escritor.

Sei que tem autores que conseguem fazer este processo em suas mentes e já escrevem de forma quase definitiva, mas de maneira nenhuma são a regra geral. A arte de escrever é a arte de re-escrever, assim como a arte da leitura é a arte da re-leitura. Ninguém leu realmente um livro antes de lê-lo novamente.

Escrever demanda esforço por causa disso. Tenho um diário pessoal que escrevo irregularmente desde 2008. Já são mais de 50 cadernos moleskine (ou similares). Nada mais são que coleção de primeiros jatos, assim como este texto. É também uma forma de espontaneidade e registrar, ao longo do tempo, nossos inúmeros erros de interpretação da realidade. Sempre que olho meus textos antigos tenho automaticamente um exercício de humildade ao perceber como, muitas vezes, estive completamente errado. Sei que no futuro, vou olhar para os textos de hoje e pensar a mesma coisa. Não tem problema nenhum, porque não são textos finais, são breves ensaios, tentativas de expressar realidades que nem compreendi direito mas que obtenho certa clareza ao escrever, organizando um pouco os próprios pensamentos.

Aqui é muito mais a parte criativa funcionando do que a analítica. É Dionísio triunfando sobre Apolo.

Flashdance e a importância dos sonhos.

Flashdance é um daqueles filmes incônicos, que marcaram uma época, mas que acabei não assistindo. Corrigi este erro sábado a noite.

Gostei imensamente, não só pelas músicas, a lembrança dos anos 80, que tem um lugar especial para mim, mas também pelas cenas de dança. Jennifer Biels estava encantadora. A mensagem que ficou para mim é que realizar um sonho é uma combinação de sorte, preparação e coragem. Não controlamos nossos destino, mas se não estivermos prontos quando uma oportunidade surgir, poderemos deixar passar uma grande chance e viver na amargura.

Muita gente culpa o destino por não ter alcançado o que sonhava, mas até que ponto temos nossa responsabiliade? Se é verdade que dependemos de um pouco de sorte, não podemos colocar tudo na conta dela; temos que fazer nossa parte também.

Lembrou-me muito de uma decisão que tomeis há uns 4 anos, que mudou minha vida. Passei por um período de indecisão até me decidir, não foi fácil. Outro dia, um colega comentou comigo:

__ Cara, você teve coragem. Eu não sei se eu teria tido.

No dia não entendi muito como coragem, mas vendo o filme pude refletir melhor. Quando você troca o conforto de uma vida toda programada por uma aventura, mas que faz sentido para você, tem que ter uma certa dose de coragem. Flashdance é um pouco sobre isso, sobre a indecisão de Alex em fazer o teste, o medo da rejeição, de descobrir que não tem talento e ver os sonhos ruírem. Ela precisou de coragem, mas etava preparada e teve a dose de sorte que precisava (a indicação). O resto, como disse Nick, era com ela.

Tratado sobre a prudência

Terminei de ler hoje o Tratado sobre a Prudência (Questões 47 a 56 do Vol 3 da Suma Teológica).

Para quem não conhece o esquema da Suma, cada questão é um um artigo no sentido moderno ou um capítulo de um pequeno livro. A questão é dividida em artigos, que são as partes deste artigo (sentido moderno) ou capítulo. Eles buscam examinar o tema do tratado de várias perspectivas. No caso do Tratado sobre a Prudência, as questões tratam de seu fundamento, suas partes (sob diversos prismas) e os vícios que lhe são opostos.

A prudência aqui segue a inspiração de Aristóteles. Não se trata do uso que damos, nos dias de hoje, à palavra prudência como um receio, uma aposta segura, quase como um temor de que a coisa dê errado.

A prudência é a virtude moral que se refere aos meios para execução dos fins devido. Ela trata da aplicação do universal no particular e por isso tanto tem um caráter especulativo, de indentificar os fins devidos, como de prático, de efetivamente agir na escolha dos meios adequados. Possui várias partes integrantes e pode ocorrer tanto no nível individual quanto social ou político. A ela se opões diversos vícios, especialmente aos que ela se assemelham como a astúcia. O dom do espírito santo mais associado a ela é o conselho.

Portanto, o homem prudente é o homem que age corretamente, com sabedoria e competência na execução. Diante de um problema prático, alinhado aos fins devidos, age com eficiência. Por exemplo, sabendo que a saúde do corpo é um fim meritório, ele escolhe as melhores práticas para uma vida saudável, tanto respeitando horários de repouso, alimentado-se com sabedoria, fazendo práticas físicas adequadas e até lidando com o stress do dia a dia. Isso é ser prudente.

Afinal, até que ponto somos prudentes nas coisas que fazemos?

Hábitos Atômicos: 8 lições que aprendi com James Clear

  1. Os hábitos são mais importantes para o sucesso, no longo prazo, do que as metas.
  2. Hábitos que nos melhoram em 1% são valiosos. Somam-se exponencialmente.
  3. Normalmente só percebemos o ponto em que a mudança se torna visível. No início, o hábito parece não fazer efeito.
  4. O ambiente é fundamental para nos ajudar a adotar bons hábitos. Precisamos prepará-lo.
  5. Imitamos os hábitos de 3 tipos de grupos: os mais próximos, os numerosos e os poderosos.
  6. Não há como manter a motivação sempre alta. Em algum momento teremos que superar o tédio.
  7. Nunca quebre um bom hábito por dois dias seguido.
  8. Antes de aperfeiçoar um hábito é preciso consolidá-lo. Para isso comece pequeno.

Quer saber mais?

Minhas anotações sobre o livro aqui.

Hábitos Atômicos: o poder de começar pequeno

Pela primeira vez escutei um audiolivro, aproveitando minhas corrida/caminhadas. O escolhido foi Hábitos Atômicos, do James Clear.

Meu método foi escutar o livro durante o exercício, depois dar uma passagem rápida pelo ebook e fazer anotações dos pontos relevantes. Talvez devesse ter começado por um livro que não precisasse destacar tantos pontos, como uma biografia.

Aliás, leio muito poucas biografias. É um erro. Vou procurar algumas para testar em audiolivro.

O jornalismo morreu

Nos últimos dois dias tivemos um espetáculo para observar: o histerismo do jornalismo nacional. Foi uma enxurrada. Não consigo acreditar que eles realmente achavam que haveria pouca gente nas ruas no 7 de setembro, mas parece que o número realmente assustou, a ponto de tirá-los da afetação costumeira que usam para fingir alguma independência. Na maior parte, não temos jornalistas, temos militantes de uma causa.

Vimos um pouco de tudo. Até uma jornalista falando que Chile e Equador não são da América do Sul, coisa que repetiu enfaticamente, com aquele ar de sabedoria que a turma costuma ter; e que a inscrição na bandeira brasileira era independência ou morte (o que particularmente acho bem melhor do que o lema positivista). É só um exemplo mais grotesco do padrão de jornalismo que temos, onde especialistas são escolhidos não por sua bagagem, mas por sua visão deformada da realidade, o que já abre espaço para um festival de mentiras, jargões e lugares comuns trasvestidos de opiniões fundamentadas. É uma lama sem fim.

Dentre as coisas urgentes que o país precisa, e não são poucas, uma delas é um novo jornalismo, que resgate um mínimo de compromisso com a realidade dos fatos e que não deixe sua ideologia interferir em seu trabalho profissional, o que no caso do comunismo (e seus desfarces, como progressismo, globalismo, socialismo, etc) é quase impossível, pois o esquerdismo tem por base a práxis, tem que agir de determinada forma em tudo que se faz. O simples fato de 95% dos jornalistas serem de esquerda, comprovado por pesquisas, já mostra que não há a menor chance de termos uma descrição minimamente verdadeira da realidade. O grande problema é que há consequências graves, como a licença que foi dada a certo tribunal de ser absoluto, uma espécie de Olimpo dos deuses nacionais.

Este jornalismo precisa ser exposto, humilhado, derrotado. Causam um mal gigantesco para o país e é hoje uma das principais razões de nossa situação, desde a violência quanto a aceitação da “corrupção do bem”. O Brasil precisa ter um jornalismo de verdade e não esta inversão que existe por aqui.

Nada simboliza melhor esta doença do que a Globo, que já foi conhecida por seu padrão de qualidade. O que ela tem feito é absolutamente indecente. A única coisa honesta que poderia fazer era publicar um editorial declarando que apoia o candidato corrupto e explicando suas razões. A desonestidade maior é justamente omitir isso para alegar imparcialidade e assim se colocar como neutra, coisa que evidentemente não é. Nada faria mais bem para o país hoje que o seu fim. O mal que ela faz, vai durar gerações e supera, em muito, a corrupção que sempre nos assolou.

Absolver o ímpio e condenar o justo;

ambas as coisas são abomináveis para Iahweh.

Provérbios 17:15