Não Olhe para Cima e a pergunta de Pilatos

Finalmente assisti o tal Não Olhe Para Cima (Don´t Look Up). Sim, sou desses que quase nunca acompanha a multidão. Quando esquecem de um assunto é que começo a me interessar por ele. Retornemos.

Trata-se de uma sátira à sociedade atual, que acerta em muitos pontos, mas que gerou um estranho fenômeno. Muita gente enxergou o filme como uma crítica ao “outro lado”, o que evidencia que somos justamente o que é satirizado no filme. Estamos em bolhas, incapazes de qualquer empatia e imersos em nossas prisões mentais.

A fala mais importante do filme é quando o cientista grita na entrevista final que é impossível comunicar desta maneira. É isso mesmo. O maior perdedor da modernidade é a própria idéia de verdade e sem colocá-la no centro da existência em sociedade, o que resta são discursos e narrativas, que estão livres para defender qualquer absurdos, assim como estamos livres para escolher a “verdade” que mais nos convém. Não queremos saber, queremos ser felizes.

O filme inteiro fiquei pensando em Poncio Pilatos e a pergunta fundamental que fez ao Cristo: o que é verdade?

Pilatos não pergunta qual é a verdade, o que implicaria em aceitar a idéia da verdade. Ele faz uma pergunta retórica para o Cristo, o que é. Não que queira saber, não se trata disso, mas de uma pergunta que esconde uma convicção: que a verdade é aquilo que precisa ser estabelecido para sustentar os próprios planos. A verdade passa a ser um instrumento e não um fim.

Vivemos a era da manipulação e só vai piorar.

Pode ser uma imagem de 3 pessoas, pessoas em pé, terno e área interna

Máscaras que caem

O Rio de Janeiro segui o exemplo do Duque de Caxias e aboliu a obrigatoriedade do uso de máscaras tanto em ambiente interno quanto externo. Achei acertado. Qual o problema de manter por mais um tempo, dizem os críticos. Explico minha posição.

A esmagadora maioria das pessoas partem do princípio que o uso contínuo de máscaras não causam nenhum dano à saúde, é apenas um incômodo. Sendo assim, qual o problema em usá-las? Na dúvida, dizem, custa nada mantê-las. Só que realmente não custa nada? E se elas fizerem mal para a saúde? Uma coisa é usar uma máscara por uma ou duas horas em ambiente cirúrgico, mas usar todos os dias, o tempo inteiro, durante dois anos, será tão inofensiva assim?

É fácil defender o uso contínuo das máscaras quem trabalha em casa e só usa para ir no mercado ou pegar o elevador do prédio, mas a imensa maioria dos brasileiros passam o dia com a máscara no transporte, no trabalho, no caixa do mercado, no guichê do metrô, no atendimento ao público. Será que não fazem nenhum mal para o nosso organismo?

Será que podemos fazer esta pergunta, sobre custo e benefícios, ou é mais um dos assuntos tabu, proibidos de se questionar em nome da ciência, este novo deus que nos pena nada mais e nada menos que a obediência cega a seus profetas?

Quando vejo a Bíblia falando que haverão falsos profetas, penso logo nos cientistas modernos.