O nome deste livro veio da tradução grega, mas no original hebreu seria algo como “na terra selvagem”, ou seja, no deserto. Conta a história de Israel, logo após o episódio do bezerro de ouro, em sua peregrinação de 40 anos em busca da terra prometida.
O número 40 tem um simbolismo especial na Bíblia, de teste. Israel falha muitas vezes. Diante da dureza do desafio, já no terceiro dia reclama de Moisés e questiona se não seria melhor ter ficado no Egito, mesmo que sem liberdade. No centro uma questão muito atual: você abriria mão de sua liberdade pela ilusão da segurança?
É uma ilusão porque a verdadeira segurança está na terra prometida. A segurança sem liberdade é uma das maiores mentiras que o homem pode acreditar, pois implica sempre em escravidão, mesmo que disfarçada.
Este é o mundo da pandemia, que tem no Canadá hoje o melhor exemplo.
Não podemos esquecer que talvez a maioria dos canadeneses aprovem o que Trudeau está fazendo, como a maioria do povo hebreu queria voltar para o Egito. De certa forma, Israel no deserto prefigura o provo canadense hoje. Falta o Moisés para lembrá-los sobre a verdadeira liberdade. No Egito só encontrarão a morte do espírito e a submissão, confortável, não nego, mas mesmo assim submissão.
A professora Lúcia Helena Galvão apresenta neste vídeo do YT uma interpretação simbólica de uma das obras primas da ópera, a última obra de Mozart, A Flauta Mágica.
Seguem minhas notas pessoais sobre o vídeo:
serpente como sabedoria em busca de Tamino
triangulo inferior: aponta para a matéria: 3 damas da rainha da noite
triangulo superior: aponta para o eterno: as 3 crianças
Pamina: parte elevada da alma, consciência
Papageno: parte do homem ligado à matéria
4 elementos da alquimia
terra: matéria
ar: emoções
água: energia, o que nos anima
fogo: mente
Papageno relaciona-se com o ar: só quer bens materiais e recompensas terrenas: uma papagena
Rainha da Noite: domínio sobre as coisas da matéria
Tamino deve sair do reino da rainha da noite e viver na luz
fases da alquimia
obra em negro: entender a si mesmo // remete à noite escura da alma. Adormecer para os sentidos e assumir a própria condição
obra em branco: purificação
obra em vermelho: ligação com o divino
branca de neve: cabelos negros, pele branca, lábios vermelhos – símbolo das fases alquímicas
sino de prata: prata como simbolo da lua, matéria
flauta de ouro: domínio sobre o espiritual
Zarastro: luz, solar, conhecimento
Rainha da Noite quer impedir que Tamino ganhe o reino da luz
rainha da noite foi casada com um sacerdote // um anjo caído?
Papageno aceita casar com a “velha” Papagena: mérito, quer algo mais importante que a aparência, uma companhia
O livro aborda o problema da distração no mundo de hoje. Segundo a autora, estamos perdendo a capacidade de ter atenção e isso tem sérias consequências para a sociedade. Um exemplo é a perda da capacidade de pensar em profundidade.
2
Dialética Simbólica (Olavo de Carvalho)
Sim, dele. O maldito, aquele que não pode ser nominado. Aquele que é criticado sem ser lido, baseado apenas em vídeos de youtube. Neste livro ele trata da relação do simbolismo com a verdadeira dialética, aquela que nos trouxe Platão e Aristóteles. Coisa fina.
3
Vida de Moisés (São Gregório de Nissa)
Uma análise espiritual dos livros que narram a trajetória de Moisés, desde seu nascimento, passando pela fuga do Egito até chegar na beira da terra prometida. São Gregório mostra como a leitura simbólica é muito mais profunda, e rica, que a literal.
4
Por que ler os clássicos? (Ítalo Calvino)
O ensaio que abre o livro, e que lhe dá o título, é uma das coisas mais brilhantes que ele escreveu.
5
Números, Deuteronômio e Salmos (Bíblia)
Segundo o programa de leitura da Bíblia em um ano, comecei hoje Números e Deuteronômio, que narram os 40 anos de peregrinação de Israel pelo deserto. O número 40 é muito associado na Bíblia a teste. A jornada foi um grande teste para Israel, que inúmeras vezes foi infiel ao Senhor.
6
Suma Teológica (volume 3)
Continuando o projeto de ler a Suma em 5 anos, estou no Tratado sobre a Esperança, uma das três virtudes teologais.
Lá para Janeiro de 2019, quando Jair Bolsonaro assumiu a presidência, 10 em cada 9 jornalistas mostravam preocupação com o tal Estado de Direito. Lembro que uma das semi-deusas chegou a presenteá-lo com uma constituição. Havia, inclusive, reportagens mostrando preocupação que o novo presidente estava armando um golpe de estado para se tornar ditador. Artistas apareciam em defesa da democracia e, com lágrimas, falavam em medo de perder a liberdade.
Dois anos de pandemia e ninguém mais fala em Estado de Direito, nem mesmo aquele das tetas. Falar neste mito da democracia moderna se tornou altamente desconfortável porque teriam que questionar muita coisa que se fez no país nestes dois anos, tanto no sistema jurídico como na maioria dos executivos em nível estadual e municipal. Curiosamente o único que não usou o estado para fortalecer seus próprios poderes foi aquele que todos diziam que era uma ameaça.
Já pararam para pensar? A pandemia era a desculpa perfeita para violar o tal Estado de Direito e assumir poderes excepcionais, basta ver o que o filhote do Fidel está fazendo no reino do extremo-norte. Ao contrário, o presidente das bananas tentou usar o estado para frear os arroubos totalitários, o que foi frustrado pelos deuses do Olimpo, que se tornaram fãs de carteirinha de qualquer governante que colocasse a política e a força do estado contra as pessoas comuns. Será que não é ódio às pessoas comuns que une todos estes sinistros personagens? Fica o questionamento.
Vejo as cenas lamentáveis da cavalaria policial do Trudel avançando contra a multidão. Alguém me diz: a maioria do povo canadense apóia as medidas do governo e querem os tais truckers presos. Faz sentido. O uso de poderes totalitários não surge sem um bom apoio na população. Ao contrário do que se diz, o fundamento na democracia não é a decisão da maioria, mas o direito das minorias. A maioria só pode decidir dentro de certos limites. É quando estes limites são alargados ou eliminados que surgem as condições para a tirania.
A pandemia fez justamente isso. Se a maioria apóia uma medida sanitária, pouco importa o que pensa a minoria. Não existem direitos fundamentais para se apoiar; não existem limites para os podres constituídos. Criam-se as condições para que os tiranos apareçam, seja em São Paulo ou em Ottawa. Se no Brasil não vemos cenas como várias que vemos ao redor do mundo, em países que jamais imaginávamos usarem a força deste jeito, como Austrália e Canadá, é porque por aqui tivemos a sorte de não ter um tirano na presidência.
O tal Estado de Direito não resiste ao medo generalizado. Quando isso acontece, os tiranos se apossam dele, usando as melhores justificativas, e apoio de parte considerável da população, para oprimir. Sempre começa com a minoria, mas não se enganem.
Para acompanhar o fim de semana, montei uma playlist revisitando os anos 70.
Tenho procurado limitar as playlists a 10 músicas no máximo, mais ou menos um disco de vinyl.
No Lord Songs 4 – The 70´s temos:
Baba O´´Riley (The Who). Primeiro uso inteligente dos sintetizadores e um hino sobre a juventude em uma terra desperdiçada.
(Don´t Fear) the Reaper (Blue Oyster Cult). Uma das bandas mais legais dos anos 70. Essa música me pegou desde a primeira vez que a escutei.
Lady in Black (Uriah Heep). Na minha adolescência conheci uma menina que só usava preto. Essa música sempre me lembra dela.
We Are The Champions (Queen). Sempre fico otimista quando a escuto. Se preciso de autoconfiança, esta é uma que gosto de escutar. Outra é I Wan´t it All, também do Queen.
All Right Now (Free). Uma banda perfeita. Dos acordes espaçados, de silêncios que ressaltam. Pena que durou pouco.
Your Song (Elton John). Sir Elton foi outro que dominou nos anos 70. Baita músico.
Tumbling Dice (The Rolling Stones). A mistura de blues e rock que os Stones fizeram na transição da década de 60 para 70 estão na história do rock. Esta música é um exemplo perfeito.
Jailbreak (AC/DC). Estes australianos de raízes escocesas vieram para quebrar a banca. Que pancada!
Born to Run (Bruce Springsteen). Bruce é um poeta do rock. Música maravilhosa de um disco perfeito.
Uma mistura de rock e jazz, instrumental é a pegada do Booker T & the MG´s, que lançou seu primeiro disco em 1962, o estupendo Green Onions. Descobri esta banda no ano passado a partir de uma dica do falecido Neil Peart, que adorava o baterista. Uma trilha sonora para momentos de reflexão, leitura ou simplesmente tomar um bom whiskey.
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O cinema do Frank Capra, o Chesterton de Hollywood. Ao longo dos anos 30 e 40, Frank deu voz especialmente ao homem comum, oprimido pela associação funesta dos grandes empresários com os governantes, ou da economia com a política. Chesterton condenava igualmente comunismo e capitalismo, que considerava não como opostos, mas como siameses com o mesmo DNA, o do materialismo. Sua solução era a exaltação do homem comum e dos pequenos negócios. Dele é o meu filme favorito de todos os tempos: A Felicidade Não se Compra (1946), que junto com Mr Smith goes to Washington e A Herança do Mr Deeds nos apresenta o retrato do homem comum, aquele que tem acima de tudo o bom senso.
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Já que falamos de Chesterton, outra dica é Hereges. Escrito no início do século XX, trata-se de um conjunto de ensaios que retrata males que ele via surgir na sociedade moderna que se não fossem refreados causaria grandes danos para o homem. Infelizmente ele estava certo e estes males se espalharam pela terra e ele viu bem o que se tornaria o mundo 100 anos depois. Destaque para o ensaio em que ele defende porque não devemos beber álcool por algum motivo racional e apenas porque não precisamos. Espelha com outro ensaio em que aponta que o fato dos muçulmanos não beberem ainda seria um grande problema.
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Do filme Meet John Doe (1941), outro do Frank Capra, que assisti esta semana, vem a quarta dica: fraternidade. Sempre digo que a política moderna se dividiu entre os partidários da liberdade e da igualdade, sendo a fraternidade esquecida por todos. A mensagem do filme é tratar bem os vizinhos, eles estão carregando um fardo também e nem temos idéia de como eles podem nos ajudar. Em tempos de amizades virtuais, poucas crianças brincando nas ruas e que mal falamos com nosso vizinho de porta, algo se perdeu. Precisamos recuperar, como já dizia o falso John Doe em 1941.
PS: De quebra ainda tem a maravilhosa Bárbara Stanwyck. Ela tinha uma beleza difícil de definir, absolutamente encantadora.
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Olha o nível dos discursos em Meet John Doe:
I’m gonna talk about us — the average guys, the John Does. If anybody should ask you what the average John Doe is like, you couldn’t tell him because he’s a million and one things. He’s Mr. Big and Mr. Small, he’s simple and he’s wise, he’s inherently honest but he’s got a streak of larceny in his heart. He seldom walks up to a public telephone without shovin’ his finger into the slot to see if somebody left a nickel there. He’s the man the ads are written for. He’s the fella everybody sells things to. He’s Joe Doakes, the world’s greatest stooge and the world’s greatest strength. Yes sir, yes sir, we’re a great family, the John Does. We are the meek who are supposed to inherit the earth. You’ll find us everywhere. We raise the crops, we dig the mines, work the factories, keep the books, fly the planes and drive the buses, and when the cop yells, ‘Stand back there you,’ he means us – the John Does. We’ve existed since time began. We built the pyramids. We saw Christ crucified, pulled the oars for Roman emperors, sailed the boats for Columbus, retreated from Moscow with Napoleon, and froze with Washington at Valley Forge. Yes sir, we’ve been in there dodging left hooks since before History began to walk. In our struggle for freedom, we’ve hit the canvas many a time, but we always bounced back because we’re the people — and we’re tough.
Querem outro?
But we’ve all got to get in there and pitch. We can’t win the old ball game unless we have teamwork. And that’s where every John Doe comes in. It’s up to him to get together with his teammate. And your teammate, my friends, is the guy next door to ya. Your neighbor — he’s a terribly important guy, that guy next door. You’re gonna need him and he’s gonna need you, so look him up. If he’s sick, call on him. If he’s hungry, feed him. If he’s out of a job, find him one. To most of you, your neighbor is a stranger, a guy with a barkin’ dog and a high fence around him. Now you can’t be a stranger to any guy that’s on your own team. So tear down the fence that separates you. Tear down the fence and you’ll tear down a lot of hates and prejudices. Tear down all the fences in the country and you’ll really have teamwork.
Já passei por dias de bastante pessimismo nesta crise, com tudo parecendo conspirar contra. Nos últimos dias, entretanto, comecei a ter alguns sinais de otimismo. Não sei se é uma impressão minha, mas são sinais, pequenos acontecimentos e movimentos que podem indicar uma virada na direção que estávamos sendo arrastados.
Vejo alguns governantes mais inseguros, passando da conta e, desta vez, sem tanto apoio da mídia em suas ações um tanto desesperadas. Vejo mais gente questionando, saindo de um apoio cego às medidas autoritárias de seus governos. Há também agências governamentais lentamente mudando seu posicionamento, talvez entendendo que a maré vai virar.
Mudanças de direção são procedidas de desaceleração. Começa de certa forma com timidez, lentamente, mas quando ganha velocidade, sai de baixo.
Talvez cheguemos no fim do ano bem melhor do que imaginava.
Terminei de ler o Tratado Sobre a Fé, de São Tomás de Aquino. Minhas anotações estão neste link.
Em 16 questões o doutor Angélico trata não só da importância da fé como origem das virtudes, mas também da ciência e do intelecto, assim como as consequências da infidelidade e o mais grave dos pecados, a blasfêmia.
Uma das finais mais inesperadas de todos os tempos.
Eu, sinceramente, achei que a final teria sido o espetacular Bills x Chiefs, mas quebrei a cara. Os Bangels venceram os Chiefs em outro jogo espetacular e estão no superbowl.
Do outro lado, o Rams conseguiu chegar e o excelente Matt Stafford, que passou a carreira em um time que não tinha condições de brigar por títulos, tem sua grande chance.
Jogo sem favoritos por tudo que aconteceu até aqui, até porque ser favorito nesta temporada é quase a receita pro desastre.