Mixtape, as fitas coletâneas

Essa é uma daquelas que entrega a idade.

Antes do streaming, na verdade antes dos cds, existiram as fitas K7. Não dava para ficar carregando os discos de vinyl por aí, mas todo mundo que gostava de música tinha suas fitas k7 com suas músicas gravadas. Mesmo antes de se popularizarem os diskman, o normal era alguém ter um aparelho de som tipo “toca fitas” para escutar músicas fora de casa.

O acesso aos discos também era mais difícil e quando um amigo tinha um disco mais raro, tipo um importado, o normal era levar uma fita para casa dele e gravar o disco para escutar em casa. Haviam até lojas especializadas que gravavam fitas a partir de enormes coleções de LP que possuíam.

Uma das modalidades interessantes eram as coletâneas. Nesta, você não gravava um LP inteiro, mas escolhia música a música o que iria gravar na fita. O resultado era uma certa expressão pessoal, quase um manifesto de gosto ou estado de espírito. Um exemplo era gravar uma mixtape para a namorada. Estas fitas, quando escutadas anos depois eram uma forma de memória.

O filme Mixtape no Netflix (esqueci o título em português) me fez lembrar deste tempo com uma certa nostalgia. No simpático filme, uma menina pré-adolescente encontra uma mixtape gravada em conjunto pelos pais, que morreram em um acidente quando ela tinha 2 anos. A fita tinha quebrado, mas a relação de músicas estava lá e é uma forma dela tentar entender como eles eram, já que a avó evitava sempre falar deles.

Eu fiz muitas mixtapes na minha adolescência, especialmente nos meus tempos de academia militar. Eu tinha um toca fitas antigo, que meus pais tinham comprado nos Estados Unidos uns dez anos antes, mas que fazia um sucesso entre os colegas. Nas horas de folga juntávamos no alojamento para escutar nossas fitas e assim acabei gravando várias.

Com os Cds, e principalmente os cds graváveis, a fita k7 foi aposentada. Os novos dispositivos, a partir do mp3, permitiam gravar muito mais músicas de modo que a seleção cuidadosa do que gravar se tornou dispensável. Com o streaming então, você faz playlits gigantes, quando não recorre à inteligência do próprio streaming para montar as listas para você. O toque pessoal se perdeu. O que se faz fácil, não gera muita ligação emocional.

No cinema temos algumas mixtapes famosas, cito duas. A mixtape do Barney no seriado How I Meet you Mother e a mixtape do Starlord em Guardiões da Galaxia. Esta última tinha função semelhante ao do filme da netflix, conectar o personagem com o mãe, que faleceu quando era inda muito jovem

E você? Lembra de alguma mixtape especial?

Um pensamento sobre “Mixtape, as fitas coletâneas

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