O capítulo 9 de Humanidade me deixou revoltado. Ele contra e estória de Kitty Genovese, uma jovem que foi assassinada no Queens em 1964. O caso se tornou famoso porque teria sido cometido na frente de 38 testemunhas e nenhuma chamou a política, o que demonstraria que no fundo estamos sozinho. Ninguém se importa.
Só que 38 são as pessoas que foram entrevistadas e que admitiram terem escutado alguma coisa. Era 3 e meia da manhã. Alguns escutaram o grito, mas acharam que era briga de vizinhos, algo comum. Outros acordaram achando que tinham escutado alguma coisa, mas voltaram a dormir pois não ouviram mais nada. Duas ligaram para a polícia, mas esta achou que era marido batendo na esposa, o que infelizmente era tolerado na época. Apenas duas pessoas viram de fato o crime ser cometido. A primeira ignorou por completo, era um senhor anti-semita que viva no bairro. A outra, mais importante, era um amigo a vítima que não ligou para a polícia porque não queria se expor, pois era homossexual e voltava de uma festa.
Só que ele bateu na vizinha e falou o que estava acontecendo. A vizinha desceu imediatamente de camisola, sem se importar com o risco de encontrar o agressor, e abriu a porta do prédio quando Kitty estava caída na escada. Ela morreu nos braços dela, de uma vizinha que se importou.
Qual foi a revolta? Com o papel da imprensa, especialmente do reporter Abe Rosenthal que conduziu toda a matéria para provar a tese pessoal que as pessoas não se importavam. Ele ignorou todos os detalhes que mostravam o contrário. Lembrei do filme A Montanha dos Sete Abutres. Lembrei de As Ilusões Perdidas, de Balzac.
Não tem nenhuma instituição que eu tenha mais asco hoje em dia do que o jornalismo.
Não existe uma decadência do jornalismo profissional. Ele já é corrupto desde a origem. As redes sociais são estão mostrando a quantidade de mentiras que fabricam e por isso precisam ser combatidas. Sei que há gente boa ali, mas no conjunto, é uma nojeira só.