Não vou entrar no mérito da questão do Neil Young com o spotify, mas o caso me despertou para outro problema. Eu tenho minha conta na plataforma e escuto grande parte das músicas por lá. Além disso, gosto bastante da música do Mr Young. E agora?
Felizmente tenho alguns cds do cara na minha coleção. E se não tivesse? Teria que ficar pingando de streaming em streaming atrás de seus discos?
Aliás, estava montando uma mixtape no spotify ontem e descobri que um disco do Grand Funk que queria pegar uma determinada música não está mais na plataforma. Eu tinha na minha biblioteca no itunes, muitos anos atrás, mas desde que surgiu o spotify fui deixando de lado e ela se perdeu. O disco que eu queria estava lá. Agora, não tenho mais.
De repente começo a pensar se ter o disco ou filme em uma mídia física não seria a única chance de termos a garantia que ele sempre estará lá à nossa disposição.
Comecei a olhar para meus cds, dvds e discos de vinyl com outros olhos.
De todos os argumentos a favor do home office, o que mais me convence é o do deslocamento diário para trabalhar. A idéia de passar 2, 3 horas todo dia no trânsito sempre me pareceu absurda e uma perda de tempo inestimável para qualquer um.
Agora, temos que ter cuidado para não nos iludirmos. O home office vem com muito mais controle sobre nossa produtividade. É um contrato com letras miúdas que temos que estar bem conscientes antes de assinar.
Liberdade e controle nem sempre se relacionam muito bem.
Muita gente tem enorme dificuldade de ler a Bíblia porque comete alguns erros básicos, como tentar lever do início ao fim sem ter idéia de como aquelas partes se conectam. É preciso entender em primeiro lugar que a Bíblia é um conjunto de livros, ou seja, uma pequena biblioteca. E o que temos numa biblioteca? Livros de diferentes gêneros, como na Bíblia.
Ou seja, vamos encontrar livros de história, poesia, sabedoria, aventuras, cantos, lamentações, leis e por aí vai. Uma consequência é que você fica um tanto perdido sem entender como uma coisa se liga na outra.
Pois eu tenho uma boa dica para você, mas advirto que aproveitará muito melhor quem sabe inglês. Você pode ler a Bíblia em português, mas sabendo inglês vai entender bem melhor o que está lendo e, sobretudo, vai ter um sentido para a história toda.
É isso que Jeff Cavins e Tim Gray fizeram no livro Walking With God, que precisa ser traduzido com urgência para o português. Neste livro, eles explicam didaticamente como a Bíblia tem uma grande história que pode ser dividido em 12 partes principais. A história, claro, é a da salvação, mas ela passa pela queda do homem e sua redenção, pela aliança que Deus faz com um homem (Adão), um casal (Adão e Eva), uma família (Noé), uma tribo (Abraão), uma nação (Moisés) e, por fim, com a humanidade (através do Cristo).
Esta timeline do livro mostra um pouco disso. Detalhe que ela indica os livros principais da narrativa e a relação com os livros secundários. Por isso o livro de Jó, por exemplo, deve ser lido junto com o Gênesis, o que implica que não se lê a Bíblia do Início ao fim. Este projeto que eles criaram de ler a Bíblia chama-se The Great Adventure Bible. Eles nos convidam a ler a Bíblia como uma grande aventura.
Só que tem mais, o Padre Mike Schmitz tem um projeto de ler a Bíblia inteira em um ano, baseado na divisão proposta por Cavins e Gray. Para isso ele criou um podcast (tem no spotify e apple) em que ele faz a leitura dos capítulos do dia e um breve comentário sobre a interpretação. O próprio Jeff Cavins faz um participação especial no podcast sempre que vai mudar de um período histórico para o outro. Os podcast são de 15 a 20 minutos. Ou seja, é tudo que precisa para ler a Bíblia inteira em um ano. É o podcast mais acessado nos Estados Unidos hoje.
E se eu não souber inglês?
Bem, pode se cadastrar no site do projeto e receber a lista de leitura (não precisa começar no 1 de Janeiro pois ela é numerada do dia 1 ao 365). E ler por contra própria a partir desta lista, embora não tenha a ajuda do livro base de Cavins e Gray e dos comentários do Padre Mike, mas é melhor que nada, não é mesmo?
Ah, para terminar, como eu faço? Eu me cadastrei e recebi a lista. Tenho o livro do Cavins, inclusive físico. Leio sobre o período que vai começar e todo dia quando acordo faço as leituras indicadas, na Bíblia em português mesmo. Hoje marquei o tempo, levou 10 minutos. Depois escuto no podcast só os 5 minutos finais, quando o Padre Mike faz seus comentários. Total do processo: 15 minutos.
O resultado é que não só estou relendo a Bíblia inteira em um ano, como estou entendendo muito melhor o que estou lendo. E usando 15 minutos do meu dia para isso! Vale a pena para você?
Esta é a grande dica de domingo. Espero que aproveitem!
Como disseram no twitter, a pandemia começou com os governos lutando contra a pandemia para proteger as pessoas. Transformou-se nos governos lutando contra as pessoas para defender a pandemia.
Sim, eu sei que muita gente está do lado dos governos e pressionando para ainda mais radicalismo. Há até um exemplo evidente de síndrome de Estocolmo (o caso Djokovic).
Só que vejo um crescimento daqueles que já enxergam os abusos dos governos ocidentais que viram na pandemia um cheque em branco para exercer o poder absoluto. O movimento dos caminhoneiros no Canadá acabou sendo muito maior que eles proprios imaginaram. Aos poucos vejo a ficha começando a cair.
Sim, temos que enfrentar a pandemia, inclusive com as vacinas, mas tem que ser uma briga em todas as frentes. Tem que ter prevenção, mas tem que ter tratamento também. Aceitamos muito rápido que nada se podia fazer após a infecção e se deixou pessoas morrerem por pura e simples negligência médica. No início, quanto pouco se sabia do vírus, era até justificado, mas dois anos depois temos dados de sobra para se concluir muitas coisas. As vacinas funcionam razoavelmente para a cepa original e primeiras mutações; são inúteis contra a omicron. As vacinas não são uma bala de prata. Elas não impedem contaminação e, principalmente, transmissão. Já a imunidade natural existe, embora não tanto contra a omicron. Também existem evidências robustas que há medicamentos que podem ser aplicados no tratamento, inclusive algumas drogas que foram politizadas ideologicamente e economicamente. Afinal, se tem tratamento, por que apostar tudo na vacina?
Poderia continuar com um monte de fatos e dúvidas razoáveis sobre um monte de ações que foram tomadas, inclusive máscaras e lockdowns. Passaporte vacinal é outra questão que não faz o menor sentido pela baixa eficiência das próprias vacinas, especialmente contra a variante mais transmissível de todas. Não sou contra vacinas e acho que muita gente deveria realmente se vacinar, mas não acho que compense o risco para todos.
Enfim, não pode ser os governantes aconselhados por burocratas saninátarios que mais parecem saídos da SS a tomar todas as decisões como se fossem imperadores.
Que comece um movimento contra os desmandos que estão sendo feitos no ocidente inteiro (digo ocidente porque não sei como o oriente está se comportando). O bom senso e o diálogo tem que voltar para a mesa de discussão. O “eu mando” tem que acabar.
Outro dia um amigo comentou comigo que musicalmente não se faz mais coisa boa. Gentilmente, discordei. O que acontece é que a boa música não atinge mais o mainstream, pelo menos no Brasil. Em parte porque o mercado de divulgação sempre foi tomado por interesses de uma casta de músicos e produtores que comandam a indústria e parte pelo próprio mecanismos das redes sociais que só dá destaque aos artistas mais populares. Enfim, para mostrar que tem coisa boa, coloquei para tocar o disco Something in The Water, do Pokey Lafarge. O cara faz uma releitura das raízes da música americana, especialmente do chamado bluegrass, que originou não só o rock, mas o country e o blues. Coisa fina.
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Um dos livros mais leves e divertidos que li ano passado foi Música para Viagem, do grande Neil Peart, falecido baterista do Rush (não consegui escrever ex-baterista). Para quem não sabe ele era o letrista da banda. Apaixonado por literatura e com uma mente voltada para a liberdade, neste livro que mistura memória e a influência da música em sua vida, assim como sua paixão pela motocicleta, o livro é uma delícia e me chamou atenção para muitas bandas e músicos que não conhecia.
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Fazer atividades ao ar livre. Em tempos de pandemia, saúde mental e do corpo ainda importa. Quem está com medo de tudo, melhor ficar em casa, mas quem acha que a vida tem que continuar, não deixe de sair um pouco, nem que seja para uma caminhada. Nossa vida é curta e tudo indica que ainda conviveremos com esta praga por algum tempo. Às vezes, ao invés de ler em casa, que tal descer e ler em um banco ou mesmo levar uma cadeira de praia para o saguão do prédio? É triste que a violência brasileira impeça muito destas coisas, mas sendo possível, saia um pouco de casa.
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Esta é para poucos, mas no dia de hoje não poderia deixar de dar esta dica. Leiam a Suma Teológica. Por algumas razões. A primeira é ser praticamente um manual da fé católica. A segunda é por ser o maior exemplo que vi até hoje de uma mente realmente científica, que consegue dar lugar para as diversas visões sobre a mesma questão. Em um mundo marcado pela intolerância, São Tomás de Aquino é o remédio. Hoje, inclusive, comemoramos seu dia.
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Sempre termino com uma frase ou pensamento. Vai este trecho do livro do Peart
Você pode até achar que tal diferença seja evidente ao ouvinte, mas creio que essa é a mais gritante distinção entre arte e entretenimento. Se as pessoas querem apenas se divertir e se distrair em vez de se sentirem emocionadas ou inspiradas, a falsidade será de serventia tanto quanto a verdade. Ao ouvinte sem percepção, ou sem cuidado, simplesmente não faz diferença. Às vezes, tenho de encarar o fato de que a música pode ser apenas parte da vida das pessoas, como um papel de parede, sem ser o centro de suas vidas, como sempre foi para mim.
Bonus: O clip da música Something in the Water, do Pokey Lafarge
Quando José e seus irmãos foram morar no Egito, em função da grande fome narrada na Bíblia, que duraria 7 anos, este movimento fazia todo o sentido no campo político. Só que temos que lembrar que o Egito era a pátria da idolatria e viver sob sua proteção tinha um preço.
Tanto que mesmo após a normalidade, o povo de Israel não voltou para a terra prometida e permaneceu por várias gerações. A missão de Moisés não era simplesmente tirar Israel fisicamente do Egito, mas sobretudo espiritualmente e por isso a viagem no deserto durou tanto.
Aliás, pode-se dizer que a fuga do Egito foi a parte mais fácil, a maior dificuldade foi que o povo confiasse em Deus e deixasse a idolatria.
Depois de um período de 2 anos no Nordeste, incluindo um ano de internato em Fortaleza, aos 15 anos retornava para o Rio de Janeiro, para morar na Urca. Foi neste ano que efetivamente comecei a gostar de rock e comprar meus primeiros discos.
O Heavy Metal foi minha paixão na época, que nunca abandonei totalmente, apenas me tornei mais eclético posteriormente, mas em 89 eu passei 90% do meu tempo entre Iron Maiden, Judas Priest e Whitesnake. Aos poucos comecei também a escutar outras bandas, como Black Sabbath, Scorpions, AC/DC e Dio.
Há uma trinca de músicas na mixtape que não são propriamente músicas que eu escutava, mas nesta época tinha uns “bailinhos de apartamento”, onde rolava muito The Smiths, A-ha e outras. Estas músicas, quando escuto, me remetem a este período.
Foi o ano que descobri os Ramones, também, a partir do filme Pet Cemetary. Meu irmão ficou fanático pela banda e comprou o Road to Ruin, que escutei à exaustão.
Um verdadeiro filósofo incomoda, e muito. Uma das primeiras lições que recebi de Olavo de Carvalho foi que a filosofia nasce com o espanto, com um questionamento a alguma opinião estabelecida socialmente. A fórmula filosófica, dizia ele, não é afirmar A, mas dizer que não é B e sim C. Se alguma coisa a história nos ensinou, desde Sócrates, que descobriu a liberdade interior, passando por Cristo, que nos revelou a verdade, é que desafiar opiniões dos poderosos ou da maioria é algo muito perigoso.
Olavo de Carvalho deixou um legado escrito, que é conhecido de parte de seu público, mas que merece ser estudado seriamente. Talvez agora se comece um distanciamento que permita este movimento, mas não há garantias. Felizmente, temos as redes sociais, o que pode evitar o destino de pensadores como Gustavo Corção, que foi jogado no esquecimento por uma esquerda raivosa que não tinha argumentos para enfrentá-los, com ajuda de parte de uma direita invejosa, como costuma acontecer.
Que descanse em paz e Deus conforte sua família. Quem já assistiu aulas suas sabe que ele repetia sempre que é na morte que se constrói a biografia de uma pessoa, que ela se eterniza como um legado. E o dele é gigantesco, para desespero de seus detratores que só enxergavam nele o retrato que desejavam fazer, projetando suas próprias mesquinharias em um verdadeiro mestre.