Eric Voegelin escreveu Hitler e os Alemães para mostrar o resultado de sua investigação sobre uma questão que lhe incomodava profundamente: como os povo alemão aceitou Hitler e o nazismo? Como ele diz no livro, o homem teve votos. Houve apoio não só popular, mas na cúpula do judiciário, exército, igrejas. Como isso foi possível?
Como aceitaram que uma parte da população fosse segregada, marcada e perseguida. Todos acreditavam estar promovendo o bem comum, que aquelas medidas duras eram necessárias para o chamado bem público.
Mas em algum momento a coisa ficou evidente, não é? Ficar evidente não é sinal que se vai mudar de idéia. Há relatos de pessoas que nunca aceitaram que aquilo foi errado. Parece que existe um fenômeno que quanto maior for a evidência da própria estupidez, maior é a reação a se aceitar a verdade. Como pude ser tão cego? Não se trata de um processo consciente e por isso mesmo é tão poderoso.
Na década de 30 as pessoas foram aceitando aos poucos a perda das liberdades, o controle estatal, a marcação de pessoas perigosas, segregação e, por fim, seu extermínio.
Olhem para estes dois anos! Esse é o caminho que vamos seguir?
Como escreveu Voegelin, é preciso dominar o passado para se ter um futuro. Justamente as nações que geraram o inferno na terra são as primeiras a repetirem os mesmos erros. E o resto do mundo faz a mesma coisa que fez na época: assiste inerte, não sem certa simpatia.