Somos todos culpados

Dizem por aí que nós brasileiros não nos indignamos com nada, que nos acostumamos com os absurdos que vemos todos os dias.

Mas não seria o contrário? Não teríamos caído na armadilha de nos indignarmos por tudo e, justamente por isso, perdido o senso das proporções? Ou seja, se tudo nos causa indignação, nada se destaca.

Uma simples diária em uma viagem internacional de um parlamentar, um emprego público para um parente, uma semana de ausência no senado, tudo isso pode até ser errado, mas à medida que temos uma reação desproporcional, elevando tudo ao nível máximo, quando acontece algo mais grave se perde no meio da indignação geral. O tal da revolta contra “tudo que está aí”.

Talvez por isso a frase do urubu togado tenha gerada tanta indignação, mas nas bolhas do twitter. No mundo real, pouco se entende do que foi dito, que não foi uma simples frase, mas a expressão de algo que já existe na realidade.

Mais não posso dizer porque a liberdade de expressão foi assassinada neste país. Justamente pelos que deveriam protegê-la.

Três tipos de artes

Estou escutando nas minhas caminhadas um curso do Professor José Monir Nasser sobre educação, em 10 aulas. Basicamente ele usa o livro Paideia, do Werner Jaeger como base para mostrar como estamos na contramão com o sistema educacional brasileiro.

Mais do que questões técnicas de ensino, o curso é uma grande aula sobre cultura.

Em certo momento, falando de artes, diz o professor:

__ Existem três maneiras que a arte chega até nós. A primeira é a palavra escrita, ou seja, os literatos. Depois temos as artes do tempo e do espaço. Do tempo temos principalmente a música, além da poesia. Os gregos consideravam a poesia como música, embora possamos vê-la como uma mistura da literatura com a música. Por fim, as artes do espaço: artes plásticas, arquitetura e pintura. São estes os tipos básicos. Os gregos usaram as artes para expressão a ordem, ou seja, o cosmos. Tudo tem um motivo, uma função educacional. Toda cultura grega foi uma forma de educação acima de tudo, daí a importância deste livro belíssimo, esforço de toda uma vida, do Jaeger.

O Brasil não tem um Ministério da Educação e Cultura.

Temos um Ministério do Ensino e (pseudo)cultura.

Vacinas: por que não são sinceros?

Na maior crise de saúde pública que vivemos me causa espanto a falta de transparência dos governos em relação às vacinas (e outros temas). Por que não abrem o jogo? Por que nos tratam como crianças que precisam ser conduzidas sem questionamento?

Por que não falam do conflito de interesse das big pharma? Parece que são instituições filantrópicas e não empresas voltadas para o lucro.

Por que não falam dos efeitos colaterais possíveis, embora improváveis?

Por que a mídia não questiona nenhum destes fatores? Ao contrário, possuem todas as mesmas opiniões sobre as vacinas. Nenhuma dissidência nas grandes empresas de comunicação. Apenas louvores.

Por que não admitem que não dá para saber sobre efeitos de médio e longo prazo, até porque não tiveram este tempo de observação?

Não sou contra vacinas, mas gostaria muito que fossem transparente e deixassem todos os riscos evidentes para que se tome a decisão correta.

__ Mas não é para tomar decisão, é para vacinar todo mundo. Questão de saúde pública!

Ou seja, já decidiram por nós. E quem decidiu não admite ser questionado.

Lei Moral: uma realidade que não depende de nós

Uma das grandes dificuldades em discutir com os progressistas é o fato que eles não aceitam a existência de uma lei moral eterna, que não é formulada pela sociedade.

Para um progressista, a lei moral evolui junto com a sociedade, ou seja, é um produto do grau de evolução social. É uma obrigação de uma sociedade evoluída positivar esta lei moral, que seria fruto da razão humana.

O grande problema é que há uma lei, que os religiosos chamam de divina, que existe independente da sociedade ou de nossos desejos. O que a razão nos ajuda é a descobrir e entender esta lei, mas não está a nosso alcance modificá-las. O máximo que podemos fazer é nos revoltar contra a lei, o que se chama de revolta metafísica, que nada mais é que uma revolta contra a realidade. A lei divina está na essência da condição humana; não podemos violá-la sem consequência trágicas para nossas vidas.

O progressismo tem na sua gênese a revolta metafísica. Por isso, apesar das aparências, só pode triunfar por pouco tempo, mesmo assim através do domínio das estruturas do estado e da sociedade. É um império efêmero, que terminará por ruir pois nós não conseguiremos viver para sempre ao arbítrio de alguns iluminados e com as botas do estado esmagando nossas faces. Já há uma rebelião, por enquanto silenciosa, mas que uma hora ganhará impulso e será arrasadora. Não será bonito de ver, mas será inevitável.

Estou meio profético, hoje?

Não sei. Mas como dizia João Grilo, só sei que é assim.