Sobre os clássicos

Estou lendo A Arte de Pensar, de Ernest Dimnet. Que livro!

Dimnet nos mostra que com a quantidade absurda de livros que temos à disposição (isso em 1928!) torna fácil que nos percamos em distrações inúteis. Chegou ao ponto que não devemos mais ler os bons livros, mas apenas os melhores.

O problema, nos diz ele, é que classificar um livro como clássico é praticamente sepultá-lo. É automaticamente torná-lo inacessível, considerá-lo entediante.

A culpa maior estaria no sistema educacional moderno. A combinação de trabalhos maçantes, discussões estéreis e, principalmente, professores pedantes, levam à ojeriza dos alunos em relação aos grandes livros. Na mesma linha de Chesterton, Dimnet considera que as crianças têm uma aptidão natural para o questionamento, o pensamento profundo, a filosofia. É a vida que destrói este sentimento natural, nos levando ao conformismo e busca do prazer que distrai. A educação moderna é um destes instrumentos de destruição da imaginação criativa.

Eu não vejo como um professor de literatura, ou de cultura, não ter pelos livros que apresenta outra relação que não seja de entusiasmo. Ele deve passar aos alunos todo seu maravilhamento com a obra, suas impressões mais profundas e sinceras, suas próprias dúvidas.

É isso que encontramos na prática? Usamos os livros para expressar a condição humana no que temos de mais profundo ou para ilustrar teses abstratas sobre sociologia, psicologia, economia e tudo mais?

Por isso, talvez, um grande sábio tenha dito que precisamos ser como crianças para entrar no reino dos céus.

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