- Vacina, como todo medicamento, tem efeitos colaterais, que podem ser mais ou menos graves.
- As vacinas do covid, como se está se vendo, não são perfeitas. E nem poderiam, devido à urgência que foram desenvolvidas. Quem prometeu este tipo de coisa devia ser responsabilizado.
- Os efeitos de médio e longo prazo são desconhecidos por motivos óbvios, não teve este tempo ainda para observação.
- As vacinas foram aprovadas levando em conta o custo-benefício, ou seja, sendo o risco de complicação pela vacina menor que o de agravamento do covid, faz todo sentido.
- O problema é que o risco de agravamento não é o mesmo para todos.
- Política e interesses comerciais estão altamente envolvidos no problema.
- É justo exigir que pessoas que tem pouco risco de agravamento de covid tomem a vacina para teoricamente impedir que sejam veículos de disseminação do covid para pessoas que foram vacinadas?
- Vacina não é Deus.
- As pessoas não podem ser conduzidas por políticos como se não tivessem uso da razão. Não devem ser tuteladas como incapazes.
- Os governos (e mídia) não estão sendo honestos sobre os efeitos adversos da vacina. Temem que qualquer questionamento leve á população a não querer se vacinar. Talvez seja a maior operação de supressão da informação já feita no mundo.
- Ser contra obrigatoriedade da vacina não significa ser contra a vacina.
- Procurar entender os efeitos adversos da vacina também não significa ser contra vacina.
- O mundo enlouqueceu.
Mês: setembro 2021
Frustração em ser ignorado
Pensar sua organização dá trabalho. Realizar uma análise crítica, por escrito, e apresentar sua visão de melhoria, muito mais. Esta semana me deparei com algo assim. Uma servidora, dedicada, junto com mais duas pessoas, teve um baita trabalho de construir um documento de mais de 30 páginas com este propósito. Ela está certa em suas opiniões? Não sei. Provavelmente, como sempre acontece, tem erros e acertos, mas o fato não é esse.
O fato é que está frustrada. Por não terem aceito suas sugestões? Não. Por seu trabalho ter sido ignorado.
__ O que me frustra __ disse ela __ é que nem levaram em consideração. Como se não tivesse existido. Acho que eu merecia pelo menos isso, uma discussão. Se não tem nada aproveitável, tudo bem, entendo que faz parte do processo. Mas, puxa, nós tivemos o trabalho de contribuir, de tentar apresentar uma visão, nossas preocupações. O silêncio incomoda demais.
Quantas vezes nos deparamos com exemplos assim no mundo corporativo?
Em se tratando de serviço público, isso é grave. Tanto se questiona os servidores, que seriam acomodados. Até que ponto o próprio sistema induz uma acomodação? Até que ponto se inibe as iniciativas?
São apenas algumas reflexões iniciais, mas algo que terei que lidar.
Sexta-feira Rapidinhas
1. Terminei Skin of Our Teeth, peça do Thorton Wilder. Uma alegoria sobre a condição humana, a história e nossa capacidade de sempre recomeçar. É como se o fim do mundo fosse uma constante.
2. A peça tem um dos discursos mais poderosos sobre o significado do casamento (e da união com Deus). Não se trata de atração ou felicidade, mas de uma promessa. O casamento existe por causa de uma promessa que é feita pelos noivos.
3. A frase da Verinha pé de hobbit é mais uma demonstração de como nossa elite cultural não tem cultura de fato, apenas beletrismo. Coitado do Ayres Brito, virou meme sem nem saber o que o atingiu.
4. Impressionante como você dá uma mão e querem logo o braço (frase não é minha, tá verinha?)
5. Fireball, do Deep Purple, rolou a semana inteira. Um disco sujo, bem rock setentão. Mais para o In Rock do que Machine Head.
6. Semana pesada, não deu para ler muita coisa.
7. Chegando na última temporada de Modern Family e já sentindo saudades.
8. A hipocrisia dos clubes brasileiros jamais vai me surpreender. Tem gente que acredita.
9. CBF é um dos inúmeros câncer do país. O mesmo problema da CF, como nos livrar dela?
10. O importante é que as instituições estão funcionando. A pergunta é: para quem?
Discos aniversariantes
Comecei um projeto de revisitar os discos que completam 30, 40 e 50 anos em 2021, ou seja, de 1991, 1981 e 1971. Esta semana tenho escutado os seguintes:

Fireball (Deep Purple) – 1971
Eu nunca tinha escutado realmente com atenção este album. Talvez porque tenha ficado entre duas obras primas, In Rock e Machine Head. O fato é que é um baita trabalho. Um disco um tanto sujo, com várias passagens mais lentas e muito bem colocadas. Uma bateria maravilhosa do Ian Paice. Em termos de sonoridade, mais próximo do In Rock do que do som polido de Machine Head.

Beauty and the Beast (The Go-go’s) – 1981
Nunca tinha escutado esta banda feminina de Los Angeles, que fez imenso sucesso com este disco de estréia, bem no estilo new wave. Bem interessante, muito influenciado pelo Blondie.

Nevermind (Nirvana) – 1991
Este dispensa apresentações. Lembro bem quando foi lançado. A importância deste disco é que as grandes bandas dos anos 70 e 80 estavam procurando se adaptar aos tempos, com incorporação de um som mais eletrônico, cheio de sintetizadores. Aí veio o Nirvana e explode fazendo justamente o som ultrapassado que elas faziam. Foi uma revolução. Fez com que as bandas voltassem a suas origens, o que foi bom para todo mundo.
The Skin of our Teeth
Uma das melhores peças que já li é Our Town, do Thorton Wilder. Aliás, recomendo muito em época de pandemia. No fundo, poucas coisar realmente importam.
Comecei a ler uma segunda peça neste domingo, The Skin of our Teeth. Antes precisei pesquisar o significado esta expressão. Pois refere-se a algo como “por muito pouco”, “no limite”, “no fio da navalha”. Ou seja, quando conseguimos algo por muito pouco.
A peça começa num casarão em Nova Iorque, depois da grande depressão, em que a família escapou da miséria no “skin of our teeth”. Logo descobrimos que um dos filhos do casal, Henry, tinha matado o irmão com uma pedrada. Inclusive que seu nome não era Henry e sim Caim (?!). Lógico que o irmão chamava Abel. Já preparei meu espírito para uma peça simbólica.
Estranhamente temos o dia mais frio do ano em Nova Iorque, só que em agosto! A família usa a mobília para fazer fogo e manter a casa aquecida. Tudo está congelando. Começa a parecer uma distopia.
Aí entram na casa um filhote de mamute e um filhote de dinossauro.
Sério. Assim mesmo. Será que eu tinha entendido direito? Afinal, estou lendo a peça no original. Procuro uma imagem da peça na internet.

É, meu inglês tá bom.
Começando o segundo ato.
Carpeaux: Homero
Li recentemente um pequeno ensaio de Otto Maria Carpeaux chamado O Sol de Homero, onde ele trata do pai de toda literatura. Aliás, a diferença de patamar do Carpeaux para quase toda crítica literária é um absurdo. Chega a ser intimidador.
Ele critica a forma como estudamos Homero. Ele não é um poeta símbolo de uma era que não existe mais. Devemos ler Homero como os gregos o liam, como fonte de sabedoria eterna. E tudo que é eterno está mais próximo de nós do que o que é filho do tempo. Assim, A Ilíada é muito mais atual do que Game of Thrones, por exemplo.
O que me impressiona Carpeaux é sua concisão. Ele não precisa mais que algumas poucas páginas para tratar de Homero, da questão central da disputa intelectual da modernidade, de pedagogia, sabedoria e até fazer uma pequena introdução ao estoicismo. Qualquer grande crítico do presente levaria no mínimo umas 30 páginas para apenas arranhar a superfície do que o austríaco percebeu.
A Ilíada e a Odisséia são a Bíblia do povo grego e fazem parte do berço de nossa civilização. Deveríamos reverenciá-las mais. Sem Homero, nossa cultura seria bem diferente.
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
Depois de uns 20 anos assisti novamente. Envelheceu muito bem. As lembranças, por mais que sejam dolorosas, fazem parte de quem nós somos. Apagá-las é apenas um lenitivo, que vai funcionar por um breve tempo, mas uma senhora que tenta marcar um terceiro apagamento em um mês mostra bem que algo não funciona.
Há um conto de natal do Dickens que trata exatamente deste assunto. Neste caso, o apagamento da memória ruim se dá por um pacto com o maligno. O grande problema que o conto nos mostra é que nosso carácter também é formado pelas nossas desilusões e sofrimentos.
Um detalhe que me ocorreu. O filme, como era praxe nos anos 80 e 90, tem em torno de 1h 40min. Os filmes de hoje giram em torno de 2h20min.
Ganhou-se 40 minutos de porcaria. É possível contar uma boa estória, como este filme, em 1h 45min. Mais que isso tem que valer mito a pena, o que não é o caso das bombas que vemos todos os anos.
7 de Setembro: o que vai acontecer?
Vejo os comentários dos analistas políticos e tenho a nítida sensação que estão chutando o tempo todo. A situação que foi mostrada é sem precedentes: um presidente em exercício, teoricamente com baixa popularidade, arrastando para as ruas uma multidão que nenhum outro conseguiu no passado.
Não acho que vai arrefecer os opositores, muito pelo contrário. Basta ver o tom de abertura do Jornal Nacional de ontem. Parece-me que só vai piorar e faltarão bombeiros para tanto incêndio. Os que impedem o presidente de governar acham que estão defendendo uma causa justa e vêem a multidão de ontem como uma afronta. Em comum, o ódio à classe média (remember Marilena Chauí).
Há sim uma frente ampla contra Bolsonaro envolvendo ideólogos, esquerdas, aproveitadores, corruptos, vaidosos e mais um monte de gente. O fiel da balança parece ser o legislativo, que fica com um pé em cada barca. Para o bem ou para o mal, uma hora ele se decide.
Acho, sinceramente, que o país vai explodir antes do ano que vem. Mas minha análise vale tanto quanto a dos analistas políticos. Estamos todos chutando.
Só peço a Deus que nos conduza.
Pórcia: heroína ou vilã?
Em O Mercador de Veneza há uma releitura de Shylock, que costuma ser representado por pinturas mais simpática, entendendo seu lado mais humano e não raramente como vítima.
Mas se ele é vítima de uma manipulação em seu julgamento, por que Pórcia não é vista com mais ceticismo? Pelo menos é este o argumento de duas críticas que li recentemente, uma de Rene Girard e outra de um professor de direito de Nova Iorque, Kenji Yoshino.
Ambos com bons argumentos.