O viúvo viu a ave: a escolha do sobrado

Em A Descoberta do Outro, Gustavo Corção escreveu o meu texto favorito de toda literatura brasileira. Pode ser lido como se fosse uma crônica e mostra bem a colisão entre dois mundos: o abstrato, fruto da nossa imaginação, e o real, fruto da imaginação do próprio Criador.

E quando estes dois mundos colidem a única atitude digna é a de Corção: aceitar a realidade e virar as costas para as tentação do mundo imaginado por nós. É que tento fazer a minha vida inteira, escolher sempre o sobrado.

Só clicar para ler esta obra prima:

O Viúvo Viu a Ave

Top 5: Discos do Uriah Heep

  1. Magicians Birthday: sempre foi meu favorito. Foi a maturidade da formação clássica da banda com Byron, Hensley, Kerslake, Box e Thain. Começa com a maravilhosa Sunrise, ainda tem a minha favorita, Blind Eye, a balada definitiva, Rain, e a grandiosa faixa título.
  2. Demons and Wizards: difícil diferenciar de Magicians, foi o primeiro album com a formação clássica e do mesmo nível do seu sucessor. Escolher entre os dois albuns é apenas uma questão de gosto. Tenho uma interpretação toda peculiar de The Wizard. Prestem atenção para os versos “He was the wizard of a thousand kings “, “He told me tales and he drank my wine “, “So spoke the wizard in his mountain home”. Um mágico de mil reis, vinho, montanha. Sacaram?
  3. Sweet Freedon: Forma a trinca de ouro com MB e DW, embora em um patamar ligeiramente inferior. Destaques para Dreamer, Stealin’, Sweet Freedon e Pilgrim.
  4. Look At Yourself: Tem July Morning. Só por isso já merecia um lugar na lista.
  5. Wonderwold: Último com o melódico baixista Gary Thain. Fim da era de ouro da banda.

Os brasileiros nas Olimpíadas: o que separa a frustração da medalha?

Há sempre um drama humano em cada medalha que ganhamos; e em cada fracasso, também.

Deve ser chato ganhar 100 medalhas. Você nem curte a medalha direito; pior, os que ganham prata e bronze devem ser praticamente ignorados. Os que quase ganham; esquece. Nem existem.

Não é nosso caso. Cada medalha tem uma história que passamos o dia curtindo, o que é bem legal. No entanto, há sempre um componente emocional pesado em cada disputa, especialmente quando a chance de medalha é real. Muitos sucumbem. Dizem que o brasileiro é fraco emocionalmente. Não sei, talvez Simone Biles tenha nos ensinado que o componente emocional existe para todos.

O que vejo, ao longo dos anos, é que há duas maneiras de lidar com a frustração de quem quase conseguiu uma vitória.

O nadador Bruno Fratus e uma italianinha (Vanessa Ferrari) que vi na ginástica hoje mostram um. Bateram na trave em 2 olimpíadas, quase chegando lá. Levantaram a cabeça, analisaram seus erros e fizeram o possível para melhorar. Conseguiram as sonhadas medalhas. E choraram com elas.

Infelizmente alguns atletas escolhem outro caminho. Não reconhecem seus erros e passam a distribuir culpas pela sociedade. A nossa seleção feminina de futebol é um grande exemplo. Ganham espaço na mídia tupinquim, mas podem esquecer medalhas no futuro. O vitimismo é o caminho mais fácil.

Basicamente é a mesma atitude que temos em relação à vida e nossos erros. Estamos dispostos a aceitá-los e lutar por uma medalha ou vamos ficar lamentando as injustiças que imaginamos?