Há algo de podre no reino das vaxinas

A morte do Tarcisio Meira é bem emblemática.

Ele tinha tomado as duas doses da vacina do butatan. Garantiram, mais de uma vez, que a proteção era de 100% de agravamento dos casos. Chance zero de morrer, disse o governador lá.

Caro raro? Pai de uma conhecido morreu depois das duas doses, de covid. Mãe de outro colega, idem.

No Chile e no Uruguai, vacinados com a sinovac, haverá uma terceira dose. Detalhe: não será da chinesa.

A imensa maioria dos brasileiros foram enganados.

Não vai acontecer nada?

Corção e a modernidade

Li hoje pela manhã um artigo publico por Gustavo Corção em 1976, em que argumentava que a Idade Média tinha sido um milagre, uma época que o reino do Cristo tinha prevalecido sobre o reino dos homens e das nações. Tratava-se de um esboço de paraíso, próprio das construções humanas, mas pelo menos o coração estava no lugar certo.

O interessante de seu texto é que ele compara a queda da Idade Média não a uma decadência, mas a uma revolta de uma cristandade contaminada por um humanismo. Algo como uma segunda queda, mas agora o Adão era civilizacional. O que aconteceu foi uma grande traição, que se conhece simplesmente como modernidade
A base desta modernidade, segundo Corção, é a deformação da caridade, glorificação do homem-exterior e aversão a Deus. Sua evolução é própria da matéria, em direção a uma desordem crescente. Seu projeto civilizacional, se é que se pode chamar assim, é impossível. O homem não tem como triunfar numa recusa constante a Deus.

Neste contexto, grande parte da humanidade concluiu que o cristianismo é impraticável e que deve ser diluído e se adaptado aos tempos modernos, justamente o que Corção recusa veementemente. Mais do que praticável, ele é o caminho da salvação.

É muito curioso que este artigo tenha sido publicado no Globo. Nos dias de hoje não teria chance de ser publicado em quase lugar nenhum, o que muito diz sobre a auto-proclamada liberdade de imprensa e direito de informar. O mundo caminha cada vez mais para umas poucas opiniões aceitáveis e o jornalismo se tornou um grande instrumento de implementação das idéias únicas de elites desta modernidade cada vez mais enlouquecidas e desordenadas espiritualmente.

As cidades invisíveis de Ítalo Calvino

Estou lendo Cidades Invisíveis, do Ítalo Calvino. Trata-se de um livro diferente, onde ele retrata diálogos imaginários entre Klubai Kahn e  Marco Polo em que discutem as cidades visitadas pelo explorador italiano.

Há breves capítulos onde se relata cidades imaginárias de acordo com certas perspectivas, como a vida e a morte. 

Demorou um pouco para eu começar a entender melhor o que Calvino está fazendo. Parece que estas cidades são símbolos da própria existência humana. Por exemplo, ele descreve uma cidade onde se construiu no subterrâneo uma réplica para ser habitada pelos mortos. Quando a pessoa morre, é colocada na cidade em uma pose descontraída, como uma mesa de jogos. Apenas os coveiros, chamados de encapsulados, podem descer e tudo sobre a cidade é contado por eles. Depois de um tempo, verificou-se que a cidade dos mortos não fica como era antes, sofre modificações e a cidade dos vivos começa a impá-las. Começam a acreditar que mensageiros do subterrâneo também visitam a cidade misturados aos encapsulados, a ponto de não se saber mais se um encapsulado está vivo ou morto. No fim, não se sabe mais qual a cidade dos vivos e qual a dos mortos.

Que simbolismo! Ainda estou tentando decifrar, mas me parece que os encapsulados são os que comunicam os dois mundos, como os profetas e que a cidade dos mortos pode ser a cidade espiritual. Talvez remeta às duas cidades de Agostinho, vai saber. Só um exemplo da riqueza do texto do Calvino. 

Bem interessante. 

Olimpíadas: penúltima madrugada

Ganhamos os dois ouros que disputamos.

Isaquias Queiroz desfilou na baia de Tóquio, ganhando o ouro com tranquilidade na canoagem. Lembro dos irmãos Carvalho lutando para chegar em semi-finais nos anos 80. Agora temos um talento de primeira ordem. Tudo começa como um sonho distante, como se não fossemos capazes de chegar com chance real de medalha. O mesmo aconteceu com a ginástica artística, com a Luiza Parente, que também não conseguia chegar longe mas abriu caminho para meninas e meninos conseguirem. Será que o rapaz dos saltos ornamentais não está fazendo o mesmo?

No boxe, contrariando as casas de apostar pela terceira vez, deu Hebert em sua categoria. Outro bonito, com direito a nocaute e tudo. E tento que falar rocambole na televisão para não soltar aquele grande palavrão bem brasileiro car***. Aliás, acho bem hipócrita o jornalismo global tentando esconder palavrões enquanto foCENSURA o povo brasileiro como a merCENSURADO de jornalismo que pratica todo dia. Bando de filha da puCENSURA.

Já o voley masculino, perdeu a medalha para a Argentina. É muito difícil uma equipe favorita recolher os cacos e se concentrar para disputar um bronze. Uma pena que não tenham conseguido.

Olimpíadas: últimos momentos

Chegamos aos últimos momentos das Olimpíadas. Um dos objetivos era superar o número de medalhas do Rio, nossa melhor participação até hoje. Conseguimos. Um pouco ajudados pelos novos esportes, skate e surf, que nos deram 4 medalhas.

Já igualar o número de ouros está um tanto difícil. Pelas minhas contas, precisávamos do voley masculino; não deu. Precisamos de 3 nas 5 chances que temos Isaquias, voley feminino, Bia e Hebert no boxe, futebol. Em duas somos favoritos (Isaquias e Bia), nas outras 3 não chegamos a ser zebra, mas o favoritismo está do outro lado.

20 medalhas. Parece pouco quando olhamos a China, EUA, Rússia, Japão, Austrália, mas lembro bem de Barcelona quando saímos com 3 medalhas ou a frustração em Sidney onde não ganhamos nenhum ouro.

Saio bem satisfeito. Um pouco mais de uma medalha por dia já está de bom tamanho.

O homem moderno e os prazeres

Não é sem esforço que leio diariamente a Suma Teológica. A falta de conhecimento filosófico, especialmente de Aristóteles, e a distância da Idade Média atrapalha um pouco, mas tenho tido bom apoio em um livro do Peter Kreeft sobre a Suma.

O que me impressiona nos grandes filósofos, especialmente o Top 5 (Sócrates, Platão, Aristóteles, Agostinho e Aquino) é a atualidade do pensamento deles. Arrisco a dizer que são mais atuais hoje do que quando foram escritos. O motivo é simples: males que eles observaram em potência ou germinando se tornaram realidades flagrantes nos dias de hoje.

Pois estava hoje lendo alguns artigos da questão 31, volume II, que tratam dos prazeres. Para São Tomás há 3 naturezas de prazeres: corpóreos (sensitivos), intelectuais e espirituais. Ele argumenta em um dos artigos que os prazeres intelectuais e espirituais são maiores que os sensitivos, o que contraria o senso comum que os fruto dos sentidos são mais intensos e em maior número.

Para São Tomás, parece ser assim porque conhecemos mais os prazeres da carne. Os prazeres do espírito ou do intelecto exigem uma atitude mais ativa de nossa parte. Quantas vezes nos olham de forma esquisita quando dizemos que temos prazer lendo um clássico da literatura? Que eu prefiro um bom livro a um bom filme? Que meu ideal de uma manhã de sábado é sentar em uma cadeira ao sol e ler um bom livro?

O homem moderno vive a cultura não só do imediato, mas da confusão de prazer com prazer físico. Só este que existe, o que importa são os sentimentos. Quantas vezes já escutamos isso? Ele quer se sentir bem. Por isso ignora as verdades que lhe são inconvenientes, por isso tenta reduzir a moral ao comportamento socialmente aceitável, definido pela liberdade de se fazer o que quiser, dentro de alguns poucos limites como não matar ninguém.

São Tomás, seguindo os gregos e Agostinho, considera os prazeres do intelecto ou espirituais como superiores em gênero, de outro patamar como diz um grande filósofo da modernidade, Bruno Henrique da Academia Flamengo de Filosofia Prática. A minha experiência confirma este entendimento. Há uma ordem correta da alma, como descobriu Sócrates, em que há uma hierarquia onde os bens que nos ligam a Deus, e nos distinguem dos animais, são mais preciosos do que compartilhamos com eles, ou seja, os prazeres da carne, que não são necessariamente males, desde que conforme nossa própria natureza e na dosagem correta.

O homem moderno é um homem amputado de sua própria humanidade. Precisamos resgatar nossa integralidade com urgência pois o mundo que estamos construindo é um enorme castelo de ilusões.

O argumento anti-divórcio

Hoje em dia ninguém em juízo perfeito é capaz de condenar o divórcio. É um fato da vida, como comprar pastel na feira. Mas já houve um tempo que a possibilidade do divórcio era assunto de debate público e Chesterton foi o que para mim apresentou o melhor argumento em contrário. Tão bom que até hoje não consegui refutá-lo.

The obvious effect of frivolous divorce will be frivolous marriage. If people can be separated for no reason they will feel it all the easier to be united for no reason.