Cabe a discussão de quem é o responsável pelo gigantesco fiasco que foi a retirada das tropas americanas do país. O que não deveria caber discussão são os efeitos do talibã no poder. As imagens de afegãos agarrados a trem de pouso de aeronave caindo dos céus é por demais eloqüente, embora existam os que, prisioneiros da falácia que sempre há um opressor e um oprimido, tentam negar o óbvio.
A democracia não se impõe. Por própria natureza do regime, tem que ser uma escolha livre dos povos. O projeto americano de implantar democracia em países falidos sob sua tutela era fadado ao insucesso desde o início. Ou seja, não deveria nem ter entrado, mas se entrou tem que saber sair. Abrir mão do poder costuma ter conseqüências trágicas. Temos um Saigon 2.0 transmitido em tempo real.
O problema é querer fazer um meio-imperialismo. Ou você invade e coloca logo um vice-rei no lugar, ou nem tenta uma aventura destas. Os Estados Unidos querem fazer uma espécie de imperialismo democrático, um omelete sem quebrar os ovos. Pois os talibãs pegaram a cartela inteira e jogaram os ovos para o alto.
Como dizia Joseph Conrad em Coração das Trevas: o horror, o horror!